A CASA DO OSCAR

Wednesday, October 25, 2006

OS CACIQUES RENASCEM NA POLÍTICA NACIONAL

Da CBN. www.cbn.com.br

Leia abaixo o comentário de hoje (25/10) da cientista política Lúcia Hippolito vinculado na edição de hoje do Jornal da CBN, Primeira Edição. Ela traça um panorama interessante do cenário político brasileiro que vem se desenhando neste cenário de Segundo Turno pela corrida ao Planalto. Leia:

O outono dos coronéis (por Lucia Hippolito)

Alguns dos mais tradicionais caciques políticos brasileiros estão tomando um susto nessas eleições de 2006. Mas não estão destruídos, nem de longe.

Político brasileiro é feito fênix: renasce das próprias cinzas. Quando a gente pensa que está acabado, ele se levanta lépido, se elege deputado e lá se vai para Brasília.
Quem poderia imaginar que Jader Barbalho fosse voltar a ser uma das figuras mais importantes da República?!

Não adianta torcer o nariz. O homem foi o deputado federal mais votado do PMDB em todo o Brasil. Pode aspirar a um ministério ou à presidência da Câmara, se o inevitável troca-troca entre a eleição e a posse resultar no PMDB como dono da maior bancada da Câmara.

Pois Jader decidiu dar uma demonstração de força e está contribuindo poderosamente para eleger a senadora petista Ana Júlia governadora do Pará, derrotando o tucano Amir Gabriel, que tenta a reeleição. Derrotar um governante no cargo não é pouca coisa. E Jader está fazendo questão de mostrar ao Palácio do Planalto que, no Pará, manda ele. Por enquanto.

Já na Bahia, o velho babalorixá sofreu séria derrota. Há tempos ACM já não controla a Prefeitura de Salvador. Mas perder o governo da Bahia, já no primeiro turno, e justo para o petista Jacques Wagner, que desafiou o governador Paulo Souto, é demais. Mas o carlismo perdeu também a disputa para o Senado, pois o ex-governador João Durval (PDT) derrotou o pefelista Rodolfo Tourinho, candidato de Antônio Carlos.

O carlismo ainda controla a Assembléia Legislativa, e o deputado ACM Neto foi o mais votado do estado. Mas é pouco, perto do que já foi o domínio de ACM sobre a política baiana. Sinal dos tempos? É possível.

O caso mais interessante talvez seja o de José Sarney. Depois que decidiu ser senador pelo Amapá, o velho político jamais fez campanha. Acha que não fica bem para um ex-presidente da República. Quando muito, fazia o favor de ir uma ou duas vezes ao Amapá durante a campanha – e era só.

Pois em 2006, Sarney tomou um calor de uma desafiante inteiramente novata na política. E quase que o inimaginável acontece: Sarney passou raspando, com 53% dos votos.
Mas é no Maranhão que o domínio coronelista dos Sarneys está sendo ameaçado. A família controla o estado desde a primeira eleição de José Sarney ao governo, em 1965, no início da ditadura militar.

Todos os mais importantes políticos maranhenses têm origem na frondosa árvore saneysista, mas a insistência do velho cacique em transformar o Maranhão numa capitania hereditária, transferindo o poder para os filhos – e filha, principalmente –, gerou sérias discordâncias entre seu grupo, e muitos políticos maranhenses foram abandonando o barco de Sarney e se passando para a oposição.

Roseana Sarney, ex-governadora duas vezes e atualmente senadora, está cortando um dobrado para se eleger pela terceira vez. Os institutos de pesquisa lhe davam 60% das intenções de voto – uma votação consagradora ainda no primeiro turno. Pois Roseana foi para o segundo turno, tendo obtido 47% dos votos, contra 34% de seu oponente Jackson Lago.

Roseana está em situação delicada. Alguns institutos de pesquisa já apontam Jackson Lago como vencedor – mas podem errar, como erraram redondamente no primeiro turno.
A senadora agarrou-se com o presidente Lula, desafiando seu partido, o PFL, como única forma de tentar garantir a eleição. Se vencer, deverá seu mandato a Lula.

A política brasileira ainda não chegou ao inverno de seus patriarcas, mas pelo menos dois dos mais notórios coronéis estão vivendo seu outono. Tempo de passar o bastão para as novas gerações. É da vida.

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