A CASA DO OSCAR

Friday, June 08, 2007

CRISES DE DOR SÃO MAIOR CAUSA DE INTERNAÇÃO EM PACIENTES COM DOENÇAS FALCIFORMES

Responsáveis pela internação hospitalar de 60% a 80% dos casos de pacientes com doença falciforme, as crises dor não são somente um desafio para o gestor de saúde como também para todos os profissionais de saúde. O tema foi amplamente debatido no primeiro dia do Encontro Mineiro e Fórum Nacional de Políticas Integradas de Atenção às Pessoas com Doença Falciforme, promovido pelo Cehmob-MG e patrocinado pelo Ministério da Saúde, nesta quinta-feira (7).
Para o hematologista da Fundação de Hematologia e Hemoterapia de Pernambuco (Hemope), Aderson da Silva Araújo, a dor possui várias nuances e, na doença falciforme, se apresenta pela intensidade e duração. É classificada como aguda e recorrente. Em alguns casos, a dor pode surgir de maneira crônica.

Segundo o especialista, antes da triagem neonatal, muitos casos de pacientes de doença falciforme que chegavam aos serviços de emergência com dor eram erroneamente diagnosticados. “Apesar da infra-estrutura de Minas Gerais, a doença ainda é confundida com doenças reumáticas, hérnia de disco e outras doenças que causam dor”, afirmou.
Aderson Araújo disse que a tendência é a diminuição dessas ocorrências devido à triagem neonatal. Porém, apesar desse exame, o hematologista alertou: “No Norte de Minas, de 500 crianças nascidas vivas uma apresenta a doença falciforme”.

A coordenadora do Cehmob-MG, Mitiko Murao, hematologista da Fundação Hemominas, abordou a questão das infecções nas crianças com doença falciforme. “A doença falciforme é a doença genética mais comum no nosso país”. Em Minas Gerais, os pacientes recebem tratamento em 11 unidades da Fundação Hemominas.

As internações decorrentes da doença falciforme em crianças ocorrem em função das infecções que elas possuem. O seqüestro esplênico, ou seja, o aumento súbito do baço, é uma das manifestações mais freqüentes nas crianças até dois anos. Para Mitiko Murao, “o importante é orientar os pais e ensiná-los a perceber algumas alterações na criança”. Entre estas alterações estão: acentuação da palidez, prostração e aumento do volume abdominal.

Com o objetivo de auxiliar no atendimento de urgências às pessoas com doença falciforme, a Fundação Hemominas criou um cartão de identificação com informações sobre o paciente. O objetivo é ajudar a diminuir a morbidade e mortalidade, além de aumentar a qualidade de vida.

A dimensão racial e o olhar da enfermagem

As palestras "Dor: reflexões dirigidas ao cuidado pela equipe multiprofissional" e "A enfermagem nos primeiros cuidados de urgência" tiveram a perspectiva da enfermagem no tratamento da doença falciforme. A enfermeira Cecília Maria Izidoro Pinto enfatizou, na primeira, a questão da dor como "física e singular a cada paciente".

Para ela, a dor deve ser entendida em toda a sua complexidade e dimensões, como a espiritual, social e coletiva, aspectos emocionais e, muitas vezes esquecida, mas de fundamental importância, a dimensão racial da doença falciforme.

Para Cecília, "a questão racial não pode ser abolida da discussão sobre a doença falciforme. Esta dimensão deixa vulnerável o atendimento ao paciente", disse.

A enfermeira Carmem Cunha Mello Rodrigues, na segunda palestra, focou na família, principalmente no papel da mãe da criança com doença falciforme. Ela finalizou salientando a importância da enfermagem no atendimento como "o primeiro profissional responsável pela avaliação imediata do paciente."

Leia Mais: www.cehmob.org.br/encontro

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