A CASA DO OSCAR

Thursday, March 20, 2008

LULA ESTARÁ EM FLORIPA ASSINANDO OBRAS DO PAC

Hoje (20) é um dia especial para Santa Catarina e também para Florianópolis. O presidente Lula estará aqui para assinar a ordem de serviço para o início das obras do PAC no Maciço do Morro da Cruz. A área concentra 17 famílias carentes, com uma população aproximada de 30 mil habitantes. O investimento total nas obras será de R$ 54 milhões. Os projetos a serem implantados no Maciço do Morro da Cruz serão nas áreas de regularização fundiária, saneamento básico, transportes, infra-estrutura entre outros. Lula chega ao Aeoroporto Hercílio Luz por volta das 15h, fica na cidade até às 17h55 quando retorna à Brasília, deixando Florianópolis às 18h15min.

BLOCO LIBERDADE COMEMORA 20 ANOS DE SAMBA E ATUAÇÃO SOCIAL EM SÃO JOSÉ, SC


Florianópolis, 19/3/08 - Fundado em 1988, o Bloco Liberdade se tornou sinônimo não só de carnaval, mas também de apoio social. Para marcar a data, um coquetel cultural marcou os 20 anos do Bloco Liberdade na noite desta segunda-feira (17) em São José, na Grande Florianópolis. O evento contou com a presença dos fundadores do bloco cultural, líderes comunitários e também representantes dos governos municipal e estadual. Todos foram recepcionados ao som da boa música popular brasileira, seguido de apresentação de dança e interpretação de poemas, feita pelo poeta negro Alzemiro Lídio Vieira. Uma degustação de salgados e a mostra de um documentário sobre a vida e a obra do sambista Bezerra da Silva também marcou com destaque a festividade.

Ao se dirigir aos convidados, o presidente do Bloco Liberdade, Marcos Caneta, destacou as inúmeras ações que o grupo promoveu e até hoje realiza junto a comunidade de São José. Destaque estadual vai para as Olimpíadas do bairro Pró-Casa. A única olimpíada de bairro do país reúne anualmente mais de 2.000 jovens. São torneios de futebol, vôlei, basquete e gincanas, as quais servem de espaço para revelar novos talentos do esporte. Um destes exemplos é o jogador do Grêmio Portoalegrense Rudinei. Nascido na comunidade do bairro Monte Cristo, na área continental de Florianópolis, o jovem negro foi então descoberto por olheiros que acompanhavam as partidas de futebol dos jogos na Pró-Casa.

As realizações do Bloco Liberdade não param por aí. É do Bloco Liberdade a promoção da terceira maior festa de Natal pública do Estado de Santa Catarina. Todos os anos, moradores e não moradores da comunidade saem por Florianópolis e São José arrecadando donativos. São distribuídas toneladas de alimentos e milhares de brinquedos a mais de 200 crianças, atendidas em média/ano. Outra iniciativa realizada pelo Liberdade é a promoção do Projeto Destaques da Raça Negra, que todo o ano premia personalidades negras e também não negras que atuam em favor da promoção da Igualdade Racial.

Ao concluir a sua fala, o presidente do bloco, Marcos Caneta, chamou a todos os presentes a atuar em favor da promoção da desigualdade social. “Cabe a cada um de nós fazer a sua parte. O Bloco Liberdade completa 20 anos de vida acordando a todos para se mobilizar contra o desemprego e a violência. Se nós, que somos oriundos de um bairro pobre de São José, conseguimos realizar inúmeras ações, podemos provar que construímos um projeto político e social”, finalizou Marcos Caneta, bastante aplaudido pelo público.

COTAS: JOSÉ JORGE DEBATE SISTEMA COM ALUNOS DA UFSC


Florianópolis, 19/3/08 - Às vésperas de completar 120 anos de abolição da escravatura, o Brasil ainda vive em um regime excludente. Pois ao longo da história não pensou em desenvolver políticas de inserção aos negros, desde a escravatura. Com estas e outras opiniões, a palestra do professor do Departamento de Antropologia da Universidade de Brasília (UnB), José Jorge Carvalho levou dezenas de estudantes a acompanhar no Centro de Filosofia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) a plenária sobre Cotas nas Universidades, na manhã desta quarta-feira (19).

Durante duas horas, José Jorge levou ao público, formado por estudantes e também professores da instituição, um histórico da implantação do sistema de cotas no mundo e também como estão sendo desenvolvidas as ações afirmativas na América Latina. Em abril próximo o professor José Jorge irá para a Venezuela, onde pretende conhecer o sistema de universidades implantadas em áreas carentes, política de inclusão desenvolvida pelo presidente Hugo Chávez.

Em entrevista ao blog A CASA DO OSCAR, o professor José Jorge Carvalho fala sobre o papel das universidades no sistema de cotas e chama a atenção para a falta de mobilidade do governo brasileiro em aprovar mecanismos que tornem as cotas uma ação legal. Também apontou críticas aos meios de comunicação, os quais desempenham um papel negativo e colaboram no fortalecimento de uma sociedade racista:

A CASA DO OSCAR: Como o senhor está acompanhando os debates em torno da implantação do sistema de cotas na América Latina?

José Jorge Carvalho: Acho que é um momento de efervescência. O que está acontecendo hoje no Brasil também está ocorrendo em outras nações da América Latina. Na Colômbia, onde tenho ido por várias vezes e estou colaborando no que posso – a Colômbia é o segundo país com a maior população negra da América Latina – tem um programa parecido, com cotas para a população indígena, algo mais avançado que no Brasil. Mas ainda não tem para a população negra. Entre os países andinos, a Bolívia é o mais avançado de todos, pois propõe a interculturalidade, onde as universidades devem ser trilíngües. Abrir o saber acadêmico é abrir a universidade para os povos que não são europeus. A discussão das cotas está atravessando o continente todo, já que está aliada a democratização do nosso país e também de toda a América Latina.

A CASA DO OSCAR: Como o senhor analisa a posição do governo brasileiro frente aos debates que surgem nas universidades?

José Jorge: O governo está tímido demais. As universidades começaram, se adiantaram. Desde 2004 estamos em discussão com o governo Lula, o qual preparou um decreto e depois retirou. Passam vários ministros da Educação e nenhum se posiciona com veemência, nenhum dá as caras para defender o sistema de cota. Acho que a pressão também tem que ser em torno do Executivo. Já estava na hora de essa questão ser resolvida federalmente.

A CASA DO OSCAR: Isso se dá também pelo fato de o sistema não ter virado lei?

José Jorge: A timidez do governo está em não colocar a lei. Por outro lado, o próprio ministro da Educação também não incentiva as universidades. Até agora, os reitores das universidades que são contra as cotas não sofreram nenhum ônus. Eles decidem assim, tipo UFRJ e UFMG. Eles não sofrem nenhuma conseqüência em deixar os negros do lado de fora. O Ministério da Educação (MEC) poderia fazer o seguinte: as universidades que têm cotas terão apoios.E as universidades que se recusam a se abrir para estudantes negros não terão apoios. Isso pode ser uma sinalização de fora.

A CASA DO OSCAR: Se fala em ingresso de estudantes negros nas universidades.. mas o que se fala quando se trata de mantê-los nas vagas que conseguiram ocupar?

José Jorge: Bom aí entra o MEC. O MEC tem que ter uma linha específica de apoio aos cotistas. Isso tem que ser compreendido como um esforço nacional, uma mudança radical do sistema educacional brasileiro. Tem que ser organizado de cima para baixo. Tem que se pensar em apoiar a comunidade negra que ficou do lado de fora.

A CASA DO OSCAR: De que forma se pode avaliar o papel da mídia diante ao processo de implantação do sistema de cotas?

José Jorge: A mídia é controlada por um grupo de pessoas que são contrárias as cotas. De 10 matérias que saem, três são a favor. É muito centralizada nas opiniões contrárias as cotas, que vem da UFRJ, da USP, Folha de São Paulo, TV Globo. As opiniões sempre ficam conectadas e concentradas na mão daqueles que são contrários ao sistema.

Monday, March 03, 2008

ENTIDADES NEGRAS REALIZAM PANFLETAÇO NA UFSC

Representantes de entidades do Movimento Negro de Florianópolis realizaram na manhã desta segunda-feira (3/3)um panfletaço no campus da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A proposta da mobilização foi de levar apoio aos 340 novos universitários que ingressaram no centro universitário pelo sistema de cotas. O conteúdo dos panfletos informava sobre os caminhos para os cotistas contatarem com o Comitê de Apoio aos Calouros criado por grupos do Movimento Negro e pelos vereadores Márcio de Souza e Walter da Luz para apoiar os cotistas.

Na avaliação dos representantes do MN catarinense, o manifesto realizado nesta segunda-feira valeu para mostrar aos cotistas que os mesmos contam com apoio do poder público e da sociedade civil. Um dos participantes, o vereador Márcio de Souza, contou que os estudantes reagiram com surpresa e satisfação. O parlamentar disse que as entidades negras encaminharam a UFSC documento solicitando o cumprimento de medidas que garantam a permanência dos cotistas na instituição pública federal. Pedem o repasse de bolsas para o custeio dos estudos, ações de reforço e nivelamento escolar e também apoio para a moradia. "Muitos dos estudantes tem dificuldades em custear o transporte para o Campus Universitário e também enfrentam problemas em adquirir livros e apostilas".

Até agora os cotistas não sofreram nenhum tipo de intimação ou ação contrária a permanência na universidade. O vereador explica que há informações, extraoficiais, de que alguns docentes podem endurecer no tratamento aos estudantes cotistas, visto que a aprovação do sistema e o ingresso dos estudantes negros causou muita repercussão junto a comunidade acadêmica. E a discussão ganhou debates enfáticos nos meios de comunicação, com opiniões bastante divididas. A maioria se posicionando de forma contrária a ação da UFSC.

Nesta terça-feira (4) acontece a reunião do Fórum Municipal de Promoção da Igualdade Racial. Atendendo a convocação do prefeito Dário Berger, os representantes não-governamentais vão indicar nomes para a composição do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial, cujo nome do titular será apontado pelo prefeito municipal nos próximos dias.