A CASA DO OSCAR

Friday, November 17, 2006

IBGE CONFIRMA: NEGROS E PARDOS GANHAM A METADE DO SALÁRIO DOS BRANCOS

O desemprego nas seis maiores regiões metropolitanas do País atinge principalmente a população negra e parda, que, mesmo quando ocupada, recebe em média a metade do salário dos brancos, revelou nesta sexta-feira uma pesquisa do IBGE sobre o perfil do mercado de trabalho brasileiro. As regiões pesquisadas são Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Recife e Porto Alegre.

A taxa de desocupação (desemprego) entre negros e pardos em setembro deste ano ficou em 11,8%, ante 8,6% dos brancos.

Negros e pardos representam 42,8%, ou 17 milhões de pessoas em idade ativa nas seis regiões. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, pessoas com 10 anos ou mais são consideradas em idade ativa.

Os brancos formam 56,5% da força de trabalho ou 22,4 milhões.
A pesquisa mostra que negros e pardos são maioria nas atividades de baixa remuneração, como emprego doméstico e construção civil. Em Salvador, 93,5% dos empregados domésticos são negros ou pardos e 88,4% dos trabalhadores da construção civil estão nesse grupo.

Os trabalhadores domésticos pardos e negros receberam em setembro, em média, R$ 354,94 e os brancos, R$ 405,39. Segundo o IBGE, quase 60% dos brancos ocupados nas seis regiões têm carteira de trabalho assinada, em comparação a apenas 39,8% entre pardos e negros. "A inserção precária no mercado de trabalho e a escolaridade explicam o menor rendimento de negros e pardos", afirmou o documento.

Negros e pardos receberam em média em setembro deste ano R$ 660,45, ou 51,1% do rendimento dos brancos ocupados, que ficou em R$ 1.292,19. De acordo com a pesquisa do IBGE, 58,9% dos ocupados que recebiam nas seis regiões até um salário mínimo eram negros e pardos. A diferença salarial entre os dois grupos é flagrante mesmo quando o nível de escolaridade é igual, apontou a pesquisa. Os brancos com 11 anos ou mais de estudos ganhavam em média em setembro R$ 1.728,38, enquanto que o ganho de negros e pardos foi de R$ 899,64.

Em todas as seis regiões, os pardos e negros são maioria entre os desocupados.
Em setembro de 2006, as mulheres constituíam a maior parcela tanto da população em idade ativa negra ou parda (52,5%) quanto da população branca (53,9%). Além disso, observou-se que a população em idade ativa negra e parda é ligeiramente mais jovem, com 30,6 anos em média, do que a população branca, 34,4 anos. O tempo médio de anos de estudo para o total das seis regiões metropolitanas foi de 8,7 anos para os brancos e 7,1 para os negros e pardos.

Thursday, November 16, 2006

ARTIGO DO OSCAR: A MÍDIA MÍOPE PARA AÇÕES AFIRMATIVAS

A MÍDIA QUE NÃO OLHA PARA O NEGRO,
A MÍDIA MÍOPE PARA AÇÕES AFIRMATIVAS
Oscar Henrique Cardoso(*)


Pensar em comunicar a sociedade brasileira sobre a necessidade de se discutir a ampliação das políticas de Ações Afirmativas é um desafio a todos àqueles que lutam pela promoção da Igualdade Racial no Brasil. Neste mérito, não podemos deixar de incluir a fundamental importância da mídia como uma formadora de opiniões e também transmissora de conhecimentos. Mas, sobre este tema tão importante, Ações Afirmativas, não é o que se vê na realidade.

Ao abrirmos um jornal pela manhã, folhear uma revista semanal, ouvir um noticiário no rádio ou na TV, não encontramos o tema Ações Afirmativas em uma pauta principal. É claro que estando próximo a mais um dia 20 de Novembro, Dia Nacional da Consciência Negra, toda a mídia procura as assessorias governamentais, grupos não-governamentais e militantes do Movimento Negro para ressaltar, como se faz todo o ano, a figura de Zumbi dos Palmares. Falamos de Zumbi herói, do Zumbi que lutou pela liberdade. De Zumbi que transformou Palmares em um sonho real de liberdade. Considero sim importante falarmos em história, mas por que também não falamos em realidade? Na realidade de um Brasil racista e excludente? De um Brasil onde um trabalhador negro ganha menos da metade do salário de um trabalhador branco. Por que não tiramos as vendas de nossa sociedade e não puxamos enfim, isso falo como mídia, um debate real sobre a implantação de políticas de Ações Afirmativas em nossa sociedade?

Serei mais ousado em minha proposta. Falar de cotas para a inclusão de negros nas universidades, ouvindo negros e negras que estudam, que trabalham, que pagam os seus impostos, não dá notícia? Não vende a primeira página de jornal? O que na realidade vende jornal? As notinhas implantadas dentro dos gabinetes governamentais de Brasília. Os mesmos fuxicos e boatos que o cenário político despeja todos os dias. E então quando se assiste a um telejornal de grande audiência no país e se vê uma discussão em torno da implantação de um sistema de cotas ser reduzida a um debate meramente político, onde não se ouviu os reais interessados no assunto, mas correntes opositoras à implantação do sistema, as quais não contribuem para uma iniciativa concordada pelo Estado Brasileiro.

Ao participar da Conferência de Durban, em 2002, o Brasil, cuja delegação foi a maior do planeta, composta por quase 500 membros, pactuou e concordou com a existência de uma política racista e discriminatória para com a fatia negra da sociedade, que representa mais de 45% dos brasileiros, de acordo com o IBGE. O que vemos hoje, a implantação do sistema de cotas para o ingresso de jovens negros nas universidades públicas não é um favor ou uma benemerência aos pobres negros sofridos que não podem pagar uma instituição particular. Também não é a prova de se permitir o ingresso de cidadãos com baixo poder intelectual nas universidades. O que vemos é o cumprimento de um compromisso internacional pelo qual o Brasil ratificou a partir da Conferência de Durban. Pergunto: Esse viés é explicado nas matérias jornalísticas que ouvimos e lemos? Não. Tudo é "massificamente" reduzido a uma questão de melanina e de pele.

Ou pior, ainda se ocupam os espaços midiáticos para declarar que o sistema de inclusão deveria ser aplicado aos mais pobres, como já ouvi, também deveria ter cotas para os brancos pobres.

Que horror. Que absurdo o nosso "espírito tupiniquim social". Não somos sociais e tampouco inclusivos, isso falo como jornalistas, em defender uma política de cotas sociais. O que o sistema propõe é uma reparação, provisória, de uma discrepância social. Afinal, e peço desculpa aos "pseudo não-racistas", a miséria e a pobreza tem cor, tem melanina sim. E é negra. São os negros que compõem o maior contingente carcerário, são os negros que morrem ainda de causas não identificadas e não estudadas pela medicina brasileira, são os negros que mais lotam as filas de desempregados? pois não são selecionados pela "boa aparência" descrita nas notas de jornal com vagas para emprego, são os negros que menos freqüentam os bancos escolares e, como conseqüência de tudo isso, são também os negros que menos tem acesso à universidade e a formação em profissões de linha de ponta na sociedade.

Isso a nossa grande mídia não fala. Dá publicidade ao crime organizado, mas não fala na real razão do crime, da exclusão e da miséria. Não fala que só se tira uma camada da pobreza e só se forma novos cidadãos através da educação. Educar também é oportunizar que jovens negros, favelados ou não, de classe média ou não, possam cursar uma faculdade. E implantar o sistema de cotas não significa tão somente dar espaço para que o mesmo curse uma graduação superior. É implementar também o acesso deste jovem a estágios e a programas que garantam a sua permanência nos bancos universitários. Isso é compromisso do Estado Brasileiro. Não é "pires e nem xícara na mão". Não estamos como negros pedindo nada. Pelo contrário, através da reparação afirmativa, estaremos sim construindo um Brasil mais plural, um país mais verdadeiro e mais honesto com a sua própria história. Um país que acolheu a todos os imigrantes e a todas as raças. Não um país que vendeu a sua melhor fatia aos europeus e deixou aos negros as sobras e os dejetos de uma burguesia.

Levar para a casa dos brasileiros a verdadeira realidade sobre a exclusão social e explicar a todos que a implantação do sistema de cotas como um conjunto de Ações Afirmativas para minimizar as desigualdades é compromisso da imprensa sim. Vender jornal e vender revista também é colocar a nossa "cara negra" na capa. Não com matérias que nos penalizem e só fiquem contando as mazelas pelas quais somos vitimados. Queremos compor os leads e subleads da informação com a real importância das Ações Afirmativas. A Lei 10.639, de 9 e janeiro de 2003, por exemplo, pode render uma bela reportagem de capa. Tem muito pequeno grupo, muita ONG trabalhando e ajudando o Estado a implantar o ensino da cultura e da história na sala de aula. Tem muito negro que se forma médico e está ofertando trabalho voluntário a quem precisa. Onde estão? Jornalistas e comunicadores, saiam de suas tocas, saiam de trás das mesas confortáveis das redações e busquem nas ruas os questionamentos que estou colocando neste artigo.

Saiam e vejam que a sociedade brasileira tem que implantar, por um certo período, as políticas de cotas para o ingresso de negros e negras nas universidades públicas, saiam para as ruas e vejam que o ensino da cultura e da história afro-brasileira tem que ser desmistificado nas salas de aula. Saiam as ruas e vejam que o povo negro está oprimido na favela e está refém dos esteriótipos que foram grudados em nossas cabeças.

O momento é de questionar e de passar a nossa história a limpo. Como jornalista, saúdo e reflito nosso importante papel na formação social deste país. Graças a nossa apuração, derrubamos um presidente corrupto - o mesmo voltou ao cenário político atual, pedimos Diretas Já. Ao mesmo tempo, somos incapazes de debater Ações Afirmativas com os nossos leitores. Somos incapazes de ouvir militantes do Movimento Negro, especialistas em Questão Racial. Somos incapazes de dar voz e vez aos negros e as negras que clamam, que cobram, que exigem cadeiras nas universidades públicas.
Somos capazes de denunciar, mas incapazes em revisar, em passar a limpo o racismo que existe em nossa sociedade. Jogamos esta "sujeirinha" para debaixo do tapete
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(*) Oscar Henrique Cardoso, natural de Porto Alegre/RS é jornalista, radialista e atual assessor de Comunicação Social da Fundação Cultural Palmares/Ministério da Cultura, em Brasília/DF. È responsável pela execução de projetos em Comunicação Social junto ao Governo Federal, voltados para a cultura e a história afro-brasileira. Edita o Portal da FCP/MinC e o blog A CASA DO OSCAR, no endereço www.acasadooscar.blogspot.com

SOCIEDADE FLORESTA AURORA PROMOVE SEMANA DA CONSCIÊNCIA NEGRA


Palestras, apresentações artísticas e a entrega da Comenda João Cândido as principais personalidades negras gaúchas são as principais atrações da programação oficial da Semana da Consciência Negra da Sociedade Floresta Aurora. O clube negro mais antigo do Brasil, fundado em 1872, em Porto Alegre, RS, convida a todos para a programação destacada abaixo:

PALESTRA: Democracia racial: entre o mito e a realidade
Painelista : Airton Araújo-ciência política/UFRGS
Horário: 16h.
Data: 18/11/2006 (sábado)

PALESTRA: Grupo Palmares: um movimento negro pela construção de um espaço social
Painelista : Deivison Campos-
Dissertação de mestrado defendida na PUC/RS em 2006.
Horário: 16h.
Data: 25/11/2006 (sábado)

SOLENIDADE: Comenda João Cândido
Entrega da comenda aos principais destaques negros
Horário: 19h.
Data: 24/11/2006 (sexta-feira)


FESTA: Noite do choro
Apresentação de grupo de chorinho
Horário: 20h.
Data: 30/11/2006 (quinta-feira)

IBASE APRESENTA DOCUMENTÁRIO SEMENTES DA MEMÓRIA

No mês da Consciência Negra, o Cine Ibase apresenta na próxima quinta-feira, dia 16 de novembro, o documentário Sementes da Memória (46 min.), uma produção do Observatório Jovem do Rio de Janeiro (Programa de Pós-Graduação em Educação/ Universidade Federal Fluminense).

O filme acompanha o cotidiano de trabalho e lazer de jovens da Comunidade de Remanescente de Quilombos São José da Serra, localizado no município de Valença (RJ). A comunidade é conhecida pela dança do jongo originada em terreiros de escravos.

O documentário trata das relações entre tradição e inovação cultural que os jovens estabelecem com os mais velhos e a luta pela conquista de direitos: à titulação da terra, à educação e ao trabalho. Os jovens e as jovens do quilombo se apresentam nas fronteiras entre o tradicional e o moderno, o campo e a cidade, individualidades e identidades coletivas. A entrada é gratuita e após exibição haverá debate com representantes do Observatório Jovem. Dia 16 de novembro, quinta-feira, às 17h30. Local: Ibase - Av. Rio Branco, 124/ 8 andar - Centro – RJ. A entrada é gratuíta.

SINDICATO DOS JORNALISTAS DO RIO DE JANEIRO PROMOVE SEMINÁRIO SOBRE RELAÇÕES RACIAIS E JORNALISMO

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro através de sua Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira-Rio) promove no próximo dia 13 de dezembro, em sua sede, no Rio de Janeiro, o seminário “Sobre Relações Raciais e Direitos Humanos no Brasil: O Jornalismo no meio disso?", Paralelo ao encontro, estará também sendo realizada a exposição fotográfica “Filhas D’África” do repórter fotográfico e membro da Cojira, Zezzinho de Andraddy. Durante todo o evento estará também aberto o já tradicional “Bar Aparelho” de nossa entidade sindical, localizada na Rua Evaristo da Veiga, 16/17º andar – Cinelândia – Rio de Janeiro.
O objetivo é proporcionar, aos jornalistas e demais interessados, um amplo fórum de debates a respeito da responsabilidade dos meios de comunicação na produção de informações sobre relações raciais e direitos humanos.

QUILOMBOLAS DA ILHA DA MARAMBAIA PROMETEM FAZER PROTESTOS NO RIO NO 20 DE NOVEMBRO

Remanescentes de quilombo da Ilha da Marambaia, no Rio de Janeiro, prometem protestar nos próximos dias 19 e 20 de novembro. Tudo por conta da não-regularização da área da ilha como uma área remanescente de quilombo. Leia abaixo, mensagem que circula nos principais grupos de discussão sobre Igualdade Racial que chama a atenção para a luta pela regularização da área da Marambaia, no Rio de Janeiro:

Desde que a Marinha de Guerra do Brasil instalou o Centro de Adestramento da Ilha da Marambaia (Cadim) em 1971, a população passou a sofrer com os treinamentos militares e as privações dos direitos fundamentais, como o de ir e vir, de moradia e o de acesso a serviços públicos antes oferecidos.
Apesar desse quadro de autoritarismo, temos a nosso favor o artigo 68 da Constituição de 1988, o Decreto n. 4.887/03, de autoria do Presidente Luis Inácio Lula da Silva, e a certidão de reconhecimento da Fundação Cultural Palmares como comunidade remanescente de quilombo. Porém, a titulação de nossas terras está sendo ameaçada pelas articulações políticas de alguns representantes da Marinha, que vêm fazendo pressão junto ao Governo Federal para que nosso direito coletivo não se concretize.
Por isso, lançamos este manifesto para mobilizar a sociedade civil, que, junto conosco, não deve permitir que um direito constitucional sucumba aos interesses militares. A lei está do nosso lado e deve ser cumprida.
ILHA DA MARAMBAIA, TERRA DE QUILOMBO, TITULAÇÃO JÁ!

ARTIGO: SINDICALISMO E LUTA ANTI-RACISTA


Sindicalismo e a luta anti-racista: sem dados, realidade é mascarada

* Sandra Martins

A introdução da temática racial nas agendas das entidades sindicais de jornalistas é um dos desafios que deve ser abraçado por toda a categoria. A passos lentos, mas firmes, a discussão está sendo implementada nas entidades sindicais.

Com a configuração do I Painel de Jornalistas Afro-Brasileiros no 32º Congresso Nacional de Jornalistas, realizado em Ouro Preto, em julho deste ano, representantes das Comissões de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojiras Rio e SP) e do Núcleo de Comunicadores Afro-Brasileiros do RS buscaram dar visibilidade às questões étnicas no mundo das comunicações.

Há muito que fazer, se considerarmos que a FENAJ, em quase 60 anos, tem mais de 40 mil jornalistas associados aos seus 27 sindicatos estaduais e quatro municipais, sendo que, até o momento, somente três entidades sindicais contam com alguns sindicalistas engajados na institucionalização da luta contra a discriminação no mercado de trabalho.

Dos 32 congressos nacionais, a questão racial apareceu no formato de tese em dois deles, uma tese conjunta em 2004, e duas teses – Rio Grande do Sul e município do Rio de Janeiro – em 2005, além de painel específico. A implementação de políticas de promoção da igualdade racial exige, no plano operacional, o enfrentamento de um problema básico: a falta de dados sobre a cor tanto dos empregados ou funcionários de uma empresa ou órgão público, quanto dos usuários de serviços públicos e privados.

Com a ausência de dados, não há como se definir metas ou traçar estratégias. A realidade dos fatos torna-se irreal, mascarada. Para a Cojira-Rio, conforme tese apresentada no 32º Congresso Nacional de Jornalistas, a produção de dados é uma tarefa vital para que sejam desenvolvidas variadas análises qualitativas, que servirão tanto para as entidades sindicais formularem e defenderem cláusulas específicas nos acordos com os empregadores, incluídas as dirigidas à promoção da igualdade.

Estes levantamentos também serão fundamentais para a produção de conhecimentos tanto no campo acadêmico como no de gestão empresarial. Levantamentos censitários – agora acrescidos dos recortes de gênero, raça/etnia, pessoa com necessidade especial etc. – fazem parte de um antigo desejo da FENAJ e têm como ponto de partida a própria entidade sindical. Este processo envolverá a criação de comissões para organizarem discussões concernentes à temática racial, campanha de esclarecimento junto à categoria, capacitação do coletor e dos funcionários sobre questões raciais e a inclusão da autodeclaração étnico-racial nas fichas cadastrais nos sindicatos.

Em nosso caso específico, uma matéria publicada na imprensa acreana dá pistas para a falta de informações mais precisas e atualizadas: “Negros são pequenas minorias nas redações das empresas de comunicação em Rio Branco”.

Dos 120 profissionais credenciados pelo Ministério do Trabalho filiados a sua entidade sindical, apenas cinco eram de cor negra, ou menos de 5% da categoria. Outra publicação, agora paulista, com dados apurados pela sucursal carioca, afirma que com raras exceções, negros e pardos convivem com a mesma realidade em quase todas as profissões no Brasil, cerca de 92%, em média, ganham menos que seus colegas brancos. Pelos dados tabulados pelo IBGE do Censo 2000 por profissões, o jornalismo é uma das profissões que tem menor proporção de negros no país – apenas 15,7%.

Cabe observar que atualmente não se pode subestimar o papel da categoria raça como elemento de hierarquização e diferenciação na distribuição das oportunidades econômicas. Daí a necessidade da formulação de um programa de formação sindical sobre relações raciais. É fundamental a produção e fornecimento de informações e subsídios, a partir de uma revisão crítica da concepção e prática sindical brasileira, como elementos propulsores da ação de sindicalistas, visando criar uma massa crítica no campo sindical.

* Sandra Martins é jornalista, da coordenação da Comissão de Jornalista pela Igualdade Racial (Cojira-Rio) do Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro.

MULHERES DESTACAM AÇÕES NAS COMEMORAÇÕES DA CONSCIÊNCIA NEGRA EM VITÓRIA

Em Vitória, Espírito Santo, todas as diferenças fazem à igualdade- Pluricidade -Direitos Iguais,respeito à diversidade é o slogan que chamando a sociedade civil para participar de uma série de eventos patrocinado pela Prefeitura Municipal de Vitória/ES e organizado pela Secretaria Municipal de Cidadania e Direitos Humanos da cidade.

Na abertura do evento, a Secretária Nildete Turra Ferreira da Prefeitura Municipal de Vitória enumerou os trabalhos realizados por sua secretaria, convidando acomunidade da região a se utilizar os serviços implantados pela Prefeitura Municipal.

A convidada da noite, a atriz Zezé Motta falou de sua experiência enquanto atriz negra e da trajetória do CIDAN. Complementou sua conferência cantando à capela para a platéia presente. A seguir, grupos de alunos da rede municipal que participam de núcleos afros, apresentaram o resultado do trabalho desenvolvido. O evento serviu também para premiar pessoas da região que se destacaram na área dos direitos humanos.

No dia 11 foi a vez das mulheres negras capixabas se reunirem na Casa do Cidadão em com o objetivo de discutir políticas públicas para mudar a realidade da mulher negra no estado do Espírito Santo.

Convidadas para contribuir na discussão política Deise Benedito presidente Nacional do Fórum de Mulheres Negras e Alzira Rufino coordenadora da Casa de Cultura da Mulher Negra.“Chamam-nos de excluídas; para utilizar o termo, primeiramente teríamos que estar incluídas.Não podemos falar de exclusão quando ainda nem fomos incluídas”

Deise Benedito em sua explanação fez uma breve trajetória histórica da situação da mulher negra do período colonial, do surgimento dos movimentos de mulheres negras até o papel desenvolvido pelas ONGs de mulheres negras; dos fóruns regionais e nacionais, as redes e articulações entre outras organizações do movimento, que deram a sua contribuição intervindo em conferências nacionais e internacionais na década de 80 até a I Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Conapir) realizada em 2005.
“O papel do Fórum Nacional de Mulheres Negras é propiciar um espaço para discussão de nossas agendas”.Cada município ou região, deve se organizar para cobrar do poder público local as suas especificidades, afirmou Deise.
Alzira Rufino relembrou a ruptura das mulheres negras dentro do Movimento Social Negro, a denúncia, intervenção e construção de uma agenda anti racista junto aos governos, para que as políticas públicas para o povo negro, em especial para a mulher negra se tornassem Lei. Salientou algumas conquistas ; como a Secretaria de Políticas Públicas para a Mulher, criação da Seppir e a importância de se ter uma mulher negra ocupando uma Secretaria com status de Ministério.
Os eventos na capital do Espírito Santo vão até o final do mês.

Wednesday, November 15, 2006

RS SEDIA ENCONTRO NACIONAL DE CLUBES NEGROS DE TODO O PAÍS

Será promovido em Santa Maria, RS, o Encontro Nacional de Sociedades e Clubes Negros de todo o Brasil. Estarão presentes no evento a ministra da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, o presidente da Fundação Cultural Palmares, Ubiratan Castro de Araújo e o presidente do Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional, Luiz Fernando de Almeida.
A pauta do encontro promete ser bem diversificada. Os temas a serem abordados relacionam o valor histórico e artístico dos terreiros, das áreas quilombolas e também haverá um momento muito especial para a comunidade de Santa Maria: a assinatura da abertura do processo licitatório para a reforma do Museu Treze de Maio.

RIO GRANDE DO SUL TEM PROGRAMAÇÃO INTENSA NA SEMANA DA CONSCIÊNCIA NEGRA


A Semana da Consciência Negra promete movimentar boa parte das cidades gaúchas. Porto Alegre, Santa Maria, Caxias do Sul, São Leopoldo, Guaíba, Pelotas, Rio Grande, Viamão, Santo Antônio da Patrulha, São Jerônimo, Charqueadas, Bagé, Rio Pardo, Cachoeirinha, Santa Cruz do Sul, Alvorada, Camaquã, Tramandaí e Canoas estão realizando atividades durante todo o mês de novembro, em razão ao mês da Consciência Negra.
Parabéns aos gaúchos, meus conterrâneos, pelo empenho em promover junto as suas comunidades, palestras, encontros e eventos sobre a Igualdade Racial. É um avanço, um avanço bastante progressivo.

Monday, November 13, 2006

URUGUAIOS QUEREM QUE O DIA DO CANDOMBE SEJA DATA NACIONAL

A comunidade negra do Uruguai quer que a data de 3 dezembro seja declarada Dia Nacional do Candombe – dança e ritmo musical negros, que tem raízes na cultura local.

Os negros uruguaios representam cerca de 20% da população. A proposta foi apresentada pelo deputado negro Edgardo Ortuño, que faz parte da Frente Ampla, coalização que governa o país.

O parlamentar explicou que a data foi escolhida por sua relação com o Médio Mundo, um antigo edifício habitado por afro-descendentes que fica na rua Cuareim, bairro ao sul de Montevidéu, demolido pelo regime militar uruguaio há quase três décadas.

A demolição do edifício, depois de tombado como patrimônio cultural, foi entendida pela população como um ato discriminatório para distanciar os negros das zonas centrais de Montevidéu. No dia 3 de dezembro de 1978 soaram espontaneamente dezenas de tambores em uma "chamada de duelo", pela última vez no interior do Médio Mundo, enquanto muitos velhos habitantes choravam pela despedida. Segundo o deputado Ortuño, a celebração anual será o marco da valorização e difusão do Candombe e o reconhecimento da "contribuição da população afrodescendente a construção nacional, e de sua contribuição à formação da identidade cultural do Uruguai".

RADIOBRÁS PROMOVE MOSTRA DE CINEMA NEGRO EM SUA PROGRAMAÇÃO

Graças a uma parceria acertada entre a Fundação Cultural Palmares, SEPPIR e Radiobrás, empresa de comunicação do Governo Federal, a TV Nacional, emissora Radiobrás promoverá uma mostra de cinema negro brasileiro. A mostra será aberta no dia 19 de novembro e se encerrará no dia 26 de novembro. Entre os trabalhos que serão apresentados, sete dos quatro vídeo-documentários premiados no Prêmio Palmares de Comunicação, Programas de Rádio e Vìdeo serão apresentados. Também estarão compondo a mostra o longa Abolição, do cineasta negro Zózimo Bulbul. Outros detalhes serão divulgados por este espaço...

CEAO/UFBA PROMOVE MOSTRA DE CINEMA AFRICANO E DA DIÁSPORA

O Centro de Estudos Afro-Orientais começa no próximo dia 21, a partir das 18h, em sua sede, no Pelourinho, a Mostra de Cinema Africano e da Diáspora. Para você que está aí em Salvador, a programação se estenderá até dezembro com os seguintes filmes:

21/11 - “A negação do Brasil”, de Joelzito Araújo
28/11 - “Você já foi à Bahia, nega?”, de Paulo Alcoforado
05/12 - “Preto e branco”, de Carlos Nader
12/12 - “Narciso Hap”, de Jeferson De, “Retrato Favela”, de Marco Manso Cerqueira Silva e
“Bahia de todos os santos”, de Gelson Moura

Não perca.

CRICIÚMA BUSCA APRIMORAR A SUA MEMÓRIA NEGRA

Não se sabe ao certo quando os primeiros negros começaram a chegar na região carvoeira de Santa Catarina. Mas dados do último censo confirmam que 13% da população de Criciúma, hoje na faixa dos 180 mil habitantes se declarou afrodescendente. Para encontrar mais detalhes sobre a origem da população negra de Cricíuma, a Prefeitura Municipal, através da Secretaria Municipal de Educação implementa o Programa Municipal de Educação para a Diversidade Étnica Cultural (Pmedec). O objetivo deste trabalho é garantir na rede pública municipal a implantação da Lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003, a qual determina a inclusão da história e da cultura afrobrasileira nos ensinos fundamental e médio. O Pmedec é realizado em parceria com a Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc), Universidade do Estado deSanta Catarina (Udesc), Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (Neab) e Núcleo de Estudos de Gênero e Raça (Negra).

NA REDE: NOME DE LIDERANÇA NEGRA BAIANA É INDICADA PARA OCUPAR POSTO NA SEPPIR

Essa informação anda circulando pelos principais grupos de discussão existentes pela Internet. Lideranças do movimento negro baiano estão propondo o nome de Olívia Santana para ocupar cargo na Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) no segundo mandato de Lula. De acordo com a nota que está circulando desde o final de semana, Olívia Santana surge em todas as falas na nova composição do governo. Vereadora. Ex-Secretária de Educação e Suplente de Deputada Federal, seu nome encontra abrigo em vários setores. Lembramos que a campanha está forte e ganha a adesão de muitos internautas.

Vale a pergunta... quem os representantes do MN vão indicar para ocupar postos na SEPPIR e também em outros órgãos governamentais?? Fica a pergunta.

NO SUL, CASAL É CONDENADO A INDENIZAR VÍTIMA DE RACISMO

Com esse entendimento, a 5ª Câmara Cível do TJRS, de forma unânime, manteve sentença proferida na Comarca de Bagé. A autora alegou que, em 2003, em frente a um banco da cidade, o casal, já conhecido por ela, ofendeu-a moralmente com palavras de baixo calão. Disse que foi vítima de racismo quando fizeram alusões pejorativas à corde sua pele, tais como “negra suja” e, em seguida, teriam agredido-a comum relho. Contou que várias pessoas presenciaram o fato que, por sua vez,causou-lhe grandes constrangimentos, assim como, abalo moral e psíquico.

Com base nos depoimentos das testemunhas, o relator do recurso, Desembargador Paulo Sérgio Scarparo, confirmou que as palavras foramproferidas aos gritos, de forma escandalosa, presenciadas por várias pessoas que passavam no local. “As ofensas racistas contra a autora, nomeio da rua, na frente de pessoas configuram, evidentemente, dano moral,considerando a humilhação pública que atingiu o direito de personalidaderelacionado à raça, cor, honra e reputação”. Assim, o magistrado mantevea condenação dos réus ao pagamento de R$ 1,5 mil por danos morais.

Imagina se a moda pega. Por isso informo. Cuidado racistas, ofender um negro sai caro. Esta indenização só deu R$ 1,5 mil. Imagina outro caso assim, pode ser pior.

UFSC SEDIA ENCONTRO MERIDIONAL SOBRE ESCRAVIDÃO E LIBERDADE

Os organizadores do III Encontro "Escravidão e Liberdade no BrasilMeridional" convidam os pesquisadores para este novo simpósio, que serealizará em Florianópolis, entre os dias 2 e 4 de maio de 2007, na Universidade Federal de Santa Catarina.

Os dois encontros anteriores, em Castro, PR (setembro de 2003) e em PortoAlegre, RS (outubro de 2005), congregaram um número expressivo depesquisadores de várias universidades do sul e sudeste que se dedicam aos temas da escravidão e do pós-emancipação nas áreas que hoje cobrem o suldo Brasil. Estes encontros bi-anuais se tornaram assim oportunidadesprivilegiadas para comunicações de pesquisa, intercâmbio de informações, afinamento de interesses e perspectivas de análise, bem como para oestabelecimento de colaboração entre pesquisadores.

UNIÃO DOS PALMARES SEDIA COMEMORAÇÕES NACIONAIS SOBRE CONSCIÊNCIA NEGRA

Em reconhecimento aos 25 anos de organização do Movimento Negro Nacional e a importância do Dia Nacional da Consciência Negra, o Governo do Estado de Alagoas em parceira com o Instituto Magna Mater e doze grupos culturais idealizaram o projeto ANGOLA-JANGA TUNGA, que na língua Bantu significa "Minha Terra de Força e Poder". O Mês da Consciência Negra em Alagoas será comemorado com uma extensa programação cultural no período de 11 a 20 de novembro de 2006, com o patrocínio da Fundação Cultural Palmares e o apoio da Prefeitura de União dos Palmares.

Wednesday, November 08, 2006

BRASÍLIA E ENTORNO LANÇAM PLANO DISTRITAL PELA IGUALDADE RACIAL



Toda a comunidade negra de Brasília e também do Entorno do Distrito Federal está convidada a participar, no Conjunto Nacional, no próximo dia 17 de novembro ( horário a definir) do lançamento do Plano Distrital de Promoção da Igualdade Racial. O plano foi elaborado pelo Conselho do Negro do Distrito Federal, com colaboração de instituições do movimento negro local e demais órgaõs governamentais. O plano deverá contemplar ações para a inclusão da população negra no Distrito Federal e também nas cidades que compõem o Entorno do DF. Vale lembrar que o Distrito Federal tem uma importante parcela de afrobrasileiros em sua composição populacional, que ultrapassa hoje os dois milhões de habitantes.

CAMINHADA CONTRA A INTOLERÂNCIA RELIGIOSA NA BAHIA SERÁ NO DIA 19 DE NOVEMBRO

Grupos artísticos, culturais, religiosos e também entidades do Movimento Negro da Bahia preparam para o próximo dia 19 de novembro, um domingo, a Segunda Caminhada do Povo de Santo. Organizada pelo Coletivo de Entidades Negras (CEN), a caminhada tem o objetivo de dizer um NÃO aos atos de intolerância contra as religiões de matriz africana. Casos que na Bahia chegam a registrar agressões físicas, verbais e também o mau uso do direito de exibição de programas religiosos. Nesta última situação, é púbica em toda a sociedade baiana a veiculação de programas religiosos produzidos pela Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) nas emissoras de TV baianas com duros ataques às religiões afrobrasileiras. A caminhada deverá percorrer o Dique do Tororó, local onde estão instaladas as imagens dos Orixás. Esta instalação também já foi ponto de divergência entre os representantes dos terreiros de matriz africana e de representantes de igrejas evangélicas, as quais exigiam a retirada das imagens do local.

SEPPIR PREPARA PROGRAMAÇÃO ESPECIAL PARA O 20 DE NOVEMBRO


A Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) está elaborando uma programação nacional para reverenciar o dia 20 de Novembro. Um calendário com inúmeras atividades será divulgado nos próximos dias. Uma das iniciativas que serão feitas este blog já divulgou em primeira mão. Será a produção de uma revista impressa. Falta ainda divulgar o nome dos articulistas e personalidades do MN que irão publicar artigos, os quais marcarão esta data como histórica para toda a comunidade negra brasileira.

FEIJOADA MOBILIZA A NEGRITUDE PARA A PARADA NEGRA EM SP

A Feijoada será realizada no próximo domingo, dia 12, na sede da Associação Amigos da Vila Aricanduva, à Rua Antonio Lindoro da Silva, 308 (próximo ao metrô Penha), das 14h às 18h30. O local fica próximo a EEPG Prof. Marisa de Melo. O convite custa R$ 12,00 e as reservas podem ser feitas com Emerson Teodoro no telefone 9708-2291, ou através do e-mail Emerson.teodoro@yahoo.com.br.

Segundo o professor Antonio Jacinto, um dos membros da Comissão Organizadora, do Movimento Brasil Afirmativo, a Feijoada será um momento de confraternização, mas também servirá para “uma chamada geral aos negros e negras de S. Paulo para que se dirijam a Avenida Paulista no dia 20 de novembro”. O encontro está marcado para o vão do MASP, a partir das 12h.

CONVÊNIO PROPORCIONA INCLUSÃO DE JOVENS NEGROS NO MERCADO DE TRABALHO EM SALVADOR

Inclusão no mercado de trabalho, responsabilidade social e combate ao racismo são as propostas do convênio de cooperação técnica firmado entre a Secretaria Municipal da Reparação (Semur) da Prefeitura Municipal de Salvador o Instituto de Responsabilidade e Investimento Social (Iris), o Senac e os shoppings Barra, Piedade, Lapa e Iguatemi. O convênio propõe a capacitação de 60 jovens negros em técnicas de vendas para atuação no setor em shoppings.

A medida é positiva e desejamos que seja implementada em todas as capitais brasileiras. Investir na capacitação profissional e na formação educacional de jovens negros é a melhor saída para reduzir as desigualdades sociais presentes no país. Vale lembrar que Salvador é a capital com maior população afrobrasileira do país. Mais de 70% dos habitantes da capital baiana são afrodescendentes.

GRUPOS AFRO PROMOVEM ENCONTRO DE ARTE DE MATRIZ AFRICANA NO RS

Realiza-se de 1º a 12 de novembro o Encontro de Arte de Matriz Africana, envolvendo os principais núcleos de teatro e dança negros do Rio Grande do Sul.

O Encontro, além de promover uma aproximação entre os diversos grupos de teatro e dança negros do Estado, visa a troca de experiências, conhecimentos e a divulgação dos locais de trabalho dos referido grupos, bem como, a ocupação de espaços tradicionais dedicados as artes cênicas. Este espaços de ocupação podem ser considerados uma espécie de quilombo cultural, pelo seu caráter de resistência por meio da arte.

A proposta é atingir, principalmente, os grupos artísticos do Estado e não realizar um evento de características tradicionais e que visam lucro ou interesses particulares. Pretende trabalhar com as produções já existentes de cada um e no compartilhamento destes entre todos participantes, principais alvos do Encontro.

Uma das marcas fundamentais da africanidade é a vida social comunitária e solidária e estes laços podem ser mantidos em nossas relações enquanto produtores e pesquisadores de uma arte que busca nas raízes africanas seu motivo de existir.

Criar uma espécie de rede solidária entre estes agentes propiciando o debate sobre uma política cultural que garanta a continuidade e aperfeiçoamento das ações realizadas pelos grupos e a sobrevivência destes é outra meta a ser alcançada pelo encontro.

Com a realização de apresentações de espetáculos, demonstrações técnicas, oficinas, debates e painéis referentes a teatro, dança e performance, o encontro permitirá estabelecer uma verdadeira troca de experiências e saberes acumulados ao longo das carreiras de cada núcleo cultural.

Ao mesmo tempo, possibilitará a discussão sobre a arte produzida por artistas negros estabelecendo parâmetros estéticos e com isto propor novos modelos. Com a participação de personalidades que se dedicam a pensar a causa racial a partir da arte, o debate irá promover discussões acerca de temas definidos como performance negra, pesquisas sobre artes cênicas, políticas culturais, formas de associações de artistas e outros.

Os grupos realizadores do encontro são: Caixa-Preta, Afro- Sul Odomodê, Cia Daniel Amaro, Brazil Estrangeiro, Thony Marques, Africanamente, Ile Axé Omi Olodô.

Tuesday, November 07, 2006

MINISTRA MATILDE RIBEIRO RESSALTA INICIATIVAS NA ÁREA RACIAL



Presente a solenidade de abertura dos 18 anos da Fundação Cultural Palmares, a ministra da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, também salientou as principais realizações implementadas pelo governo Lula na área da Igualdade Racial. Lembrou que foi o atual governo que promoveu uma melhor inclusão para a população negra, com programas direcionados a saúde da população negra e também para a sustentabilidade e desenvolvimento das comunidades quilombolas.

A SEPPIR também prepara uma intensa programação para este mês de novembro, quando estará comemorando os 35 anos de promulgação do 20 de Novembro como o Dia Nacional da Consciência Negra. Uma destas ações será o lançamento de uma revista impressa, relatando a importância dos 35 anos de promulgação do 20 de Novembro como uma data de significância para todo o Movimento Negro. A SEPPIR irá realizar ações nos principais estados brasileiros.

ALEGRIA E TRABALHO, NOSSA MARCA E NOSSO TRABALHO, DIZ DIRIGENTE DA FCP


O diretor de Estudos, Promoção, Eventos e Pesquisa da Cultura Afro da FCP, Zulu Araújo, também salientou a criatividade em se fazer uma gestão. No caso lembrou os eventos promovidos pela instituição ao longo dos últimos quatro anos, entre eles pode se citar a Segunda Conferência de Intelectuais da África e da Diáspora, a qual movimentou Salvador em julho passado. Evento este a qual a Fundação Palmares foi em conjunto com o Ministério das Relações Exteriores uma das realizadoras. Zulu resumiu suas considerações lembrando que a Fundação Cultural Palmares “saiu das paredes burocráticas” e chegou à Mãe-África. “Apesar de tanto não e de tanta dor que nos invade, somos nós alegria da cidade”. Alegria e trabalho foram de fato, as principais características das ações realizadas pela instituição nos últimos quatro anos. Parabéns a Fundação Cultural Palmares.

REELEIÇÃO TAMBÉM É COMEMORADA NO ANIVERSÁRIO DA FCP


As comemorações ressaltadas pelo presidente da Fundação Cultural Palmares/MinC, Ubiratan Castro de Araújo, não ficaram restritas apenas a uma maior inclusão dos temas voltados à questão racial dentro do governo Lula. A própria reeleição de Lula ao segundo mandato presidencial também é comemorada pelo dirigente federal. Em seu pronunciamento, Ubiratan Castro de Araújo deixou assegurado o compromisso do governo petista para com a população negra brasileira.

NOS SEUS 18 ANOS, FUNDAÇÃO CULTURAL PALMARES COMEMORA MAIS AÇÕES AFIRMATIVAS NO GOVERNO FEDERAL


Com a presença de 300 convidados, entre autoridades, lideranças religiosas, funcionários e também representantes do governo federal e do movimento negro foram abertas oficialmente, nesta segunda-feira (6) em Brasília, as comemorações dos 18 anos da Fundação Cultural Palmares. Instituição pública federal vinculada ao Ministério da Cultura, a FCP/MinC tem motivos especiais para comemorar a chegada a maior idade: entre eles podem se destacar o incremento na certificação de comunidades quilombolas, com mais de 900 certidões emitidas e também a garantia de uma maior inclusão das ações afirmativas na pasta não só do Ministério da Cultura, mas também de todo o governo federal.

Monday, November 06, 2006

SEMINÁRIO SOBRE O NEGRO NO SERVIÇO PÚBLICO, NO RS

Debater a presença do negro no serviço público é o tema do Seminário Nacional O Negro no Serviço Público, a ser realizado nos dias 10, 11 e 12 de novembro, no auditório do Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre. O evento contará com a presença de parlamentares, educadores, líderes sindicais e, é claro, servidores públicos.

NO MATO GROSSO, ESCOLAS TERÃO QUE CUMPRIR A LEI 10.639

A partir do próximo ano letivo (2007), todas as escolas de Educação Básica de Mato Grosso: públicas (municipais e estaduais) e privadas, deverão oferecer e trabalhar o Ensino da História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. A obrigatoriedade foi estabelecida pelo Conselho Estadual de Educação (CEE), por meio da Resolução Nº 204, de 10 de Outubro de 2006.

Esta resolução normativa a Lei Federal 10.639/06 e o Parecer 234/06 também do Conselho Estadual de Educação. Ambos determinam a obrigatoriedade desses conteúdos. Desta maneira, as instituições de ensino deverão estruturar os seus Currículos Escolares de forma que todas as etapas e modalidades do ensino da Educação Básica contemplem a inclusão dos conteúdos, em conformidade com as Diretrizes Curriculares Nacionais.

A Resolução 204 tem como base a necessidade premente de medidas reparatórias para com os afro-brasileiros e seus descendentes, pela privação dos direitos observados pelo Estatuto da Igualdade Racial, sobretudo o estabelecido no Capítulo 2, pela discriminação racial e por todos os tipos de preconceitos sofridos ao longo do processo histórico, político e cultural do Brasil.

“A educação tem um papel preponderante na formação de cidadãos que respeitem as diferenças. Aprovar essa resolução é garantir que os cidadãos afro-descendentes tenham acesso garantido a memória e ao conhecimento de sua história”, relata a presidente do CEE, Alaídes Alves Mendieta.

MAIS EMPREGOS E COTAS PARA NEGROS NAS UNIVERSIDADES, PEDE PRESIDENTE DA ANCEABRA

Nos próximos quatro anos, o movimento de afro-descendentes quer que o governo estenda ao mercado de trabalho a política de cotas das universidades.

“O governo federal deveria aplicar a política de cotas para o trabalho”, diz o presidente da Associação Nacional de Empresários e empreendedores Afro-brasileiros (Ancebra), João Bosco de Oliveira Borba, em entrevista especial veiculada na cobertura eleitoral da Agência Brasil (Radiobras).

O desemprego e a baixa remuneração dos negros e afro-descendentes são vistos por ele como o problema mais carente de políticas públicas.

Ele diz que, embora as políticas educacionais criadas nos últimos quatro anos ajudem os negros a competir em igualdade de condições no mercado de trabalho, elas não foram suficientes para gerar emprego.

“Das 250 mil pessoas do ProUni, 40% são afro- descendentes. Isso é bom, mas é pouco. Existe a necessidade de construção de postos de trabalho”, diz Borba, que também integra o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social e do Conselho Nacional pela Igualdade Racial.

Assim como o déficit educacional, ele entende que os postos de trabalho também são uma dívida histórica. “Quando o trabalho não era algo digno, os negros trabalhavam. Quando passou a ser algo positivo, ficamos fora do mercado do trabalho”, afirma, acrescentando que defende a adoção de políticas gerais e específicas para o trabalho e o acúmulo de renda.

Na avaliação de Borba, empreendimento, educação e autonomia são os três eixos que devem ser buscados na construção de políticas públicas para o desenvolvimento.

“Uma grande saída é o empreendimento, no qual o cara é um pouco patrão e um pouco empregado”, diz. “No mundo moderno e globalizado, as relações de trabalho têm diminuído e, no próximo século, o que mandará é a relação empreendedora. Nosso papel é estimular essa capacidade”.

Para ele, a terceirização é positiva no sentido de incluir os negros nas empresas. “Um afro-descendente com 18 anos de estudo e mestrado também está fora do mercado de trabalho”.

Borba ressalta que a classe média que mais cresceu nos últimos quatro anos foi a negra. Ele lembra, ainda, que e a diminuição da pobreza no Brasil atinge diretamente a comunidade negra.

TURISMO CULTURAL ÉTNICO AFRO É TEMA DE EVENTO EM SÃO PAULO

Acontece no próximo dia 15 de novembro, a partir das 8h, em Itapevi (SP), o primeiro Workshop de Turismo Cultural Étnico Afro-Brasileiro, promovido pela Associação Nacional de Turismo Afro-Brasileiro.

Durante o encontro serão realizadas palestras, debates e apresentações de manifestações culturais e artísticas. Está programada ainda a criação de uma comissão para desenvolver o turismo étnico na região oeste do estado. Mais informações: (11)4141-0403 ou pelo e-mail assocnacionalafro@yahoo.com.br.

VITÓRIA TERÁ 32 DIAS DE FESTA PELA IGUALDADE RACIAL

De 6 de novembro a 8 de dezembro, moradores de Vitória (ES) vão participar de espetáculos musicais, lançamentos de filmes e de livros, mesas redondas, palestras, caminhadas e atividades de lazer. A programação integra a campanha Pluricidade: Direitos Iguais, Respeito à Diversidade, promovida pela Secretaria de Cidadania e Direitos Humanos (Semcid).

Ao longo de 32 dias, a campanha vai mobilizar a população, artistas, servidores municipais de diferentes áreas e imprensa. O objetivo é chamar a atenção para as lutas e conquistas da sociedade, comemoradas em três datas especiais: o Dia Nacional da Consciência Negra (20 de novembro), o Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra a Mulher (25 de Novembro), e o Dia Internacional dos Direitos Humanos (10 de Dezembro). A abertura oficial da campanha será no dia 10. Mas a programação começa nesta segunda-feira, com a Semana da Consciência Negra.

Durante quatro dias, crianças, adolescentes, jovens e adultos matriculados nas escolas do sistema municipal de ensino de Vitória terão atividades voltadas para a conscientização cultural matriz africana e importância do estudo da cultura afro-brasileiro no seu cotidiano escolar. A partir desta segunda-feira (6) até sexta-feira (10), o Sambão do Povo irá se transformar num espaço para realização de oficinas culturais de matriz africana. Ao todo serão 10 oficinas que serão realizadas das 8 às 22 horas.

Serão realizadas dança afro, maculelê, capoeira, dança de rua, hip hop, grafite, percussão, maquiagem afro, tranças afro, cerâmica negra e teatro. A programação faz parte das comemorações alusivas a Semana da Consciência Negra – pela promoção da Igualdade Racial,. As oficinas reunirão cerca de 3,6 mil alunos das escolas municipais de Vitória.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PROMOVE SEMANA DA CONSCIÊNCIA NEGRA

De 29 de novembro a 1º de dezembro, a Universidade Federal de Sergipe abrigará discussões acerca da Cultura Afro-Brasileira, assunto que será tratado na “III Semana de Cultura Afro-Brasileira”. O evento tem como temática “Cultura, Educação e Africanidades”, onde serão discutidas questões como o ensino de História e Geografia da África nas escolas de nível médio e fundamental, dentre outras questões vinculadas ao tema.

Participarão da semana professores da UFS, entre eles: Frank Nilton Marcon, Hippolyte Brice Sogbossi, Ulisses Neves Rafael, além convidados de outras universidades. O evento é uma iniciativa do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (Neab).

As inscrições estão abertas do dia 8 a 27 de novembro, na secretaria do Departamento de Ciências Sociais. O valor da inscrição somente para as mesas redondas e conferência de abertura é de R$ 10, e para aqueles que pretendem participar de mini-curso e/ou apresentar algum trabalho, o valor é de R$ 15. As vagas são limitadas.

Na programação, estão previstos dois grupos de trabalho para apresentação de comunicações, para os quais as inscrições se darão no período de 8 a 20 de novembro. As temáticas dos grupos são: GT.1 - “História e Cultura Afro-Brasileira”; GT.2 - “Educação e Diversidade Étnico-Racial”.

Para submissão de trabalhos para o GT.1, os candidatos devem enviar o resumo para um dos e-mails: osvanessa@hotmail.com ou marthasales@hotmail.com. Para o GT.2, deve-se enviar para o e-mail: itamarfreitas@bol.com.br.

A programação completa estará disponível no dia 8 de novembro. Maiores informações pelo e-mail neab@ufs.br.

ENCONTRO DE JONGUEIROS NO RIO DE JANEIRO

Setecentos jongueiros do Rio de Janeiro vão participar nos próximos dias 11 e 12 de novembro do 11º Encontro de Jongueiros, a ser realizado no Quilombo São José, em Valença, Rio de Janeiro O encontro de 2006 vai reunir os jongueiros num antigo quilombo de 150 anos no interior do Estado do Rio de Janeiro apresentando a rica diversidade do JONGO, ritmo reconhecido pelo governo federal como patrimônio do Brasil, considerado um dos pais do samba. Haverá uma roda com 14 grupos de Jongo das comunidades : Angra dos Reis, Barra do Píraí, Campinas, Campos, Carangola, Guaratinguetá, Miracema, Pinheiral Piquete, Porciúncula, Quilombo São José, Quissamã, Santo Antonio de Pádua e Serrinha. Informações: Associação Brasil Mestiço - tel: 21-3852-0043 ou 21-3852-0053 - brasil@brasilmestico.com.br

UNEB PROMOVE SEMINÁRIO SOBRE LÍNGUAS AFRICANAS

Será realizado em Salvador o Seminário Internacional Acolhendo as Linguas Africanas: Linguagem e Educação, promovido pela Pró-Reitoria de Extensão (Proex) da Universidade do Estado da Bahia (Uneb).

Os interessados poderão efetuar inscrições para o evento, até o dia 10 de novembro, na Secretaria da Pró-Reitoria de Pesquisa e Ensino de Pós-graduação (PPG) da Uneb, no horário das 8 às 12h, e das 14 às 18h. O seminário acontece nos dias 13 e 14 de novembro, e deve reunir diversos pesquisadores e intelectuais da África e Diáspora.

UFMA ADOTA SISTEMA DE COTAS PARA 2007


O CONSEPE (Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão) da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), em reunião realizada na manhã desta terça-feira, no Palácio Cristo Rei, consolidou a aplicação de Ações Afirmativas no vestibular 2007 da UFMA. O Conselho dividiu as vagas do vestibular 2007 em duas categorias: Universal (50%) e Cotas (50%). Dos 50% destinados às cotas, 25% serão destinados a candidatos negros, independentemente de serem oriundos de escolas públicas ou privadas. Os outros 25% serão destinados exclusivamente a alunos de escolas públicas, independentemente de etnia. Além disso, serão criadas duas vagas adicionais por curso em cada semestre letivo: uma para índio e outra para pessoas com deficiência. No próximo ano, portadores de deficiências físicas, visuais, auditivas, mentais e múltiplas, terão tempo adicional de uma hora para realizar as provas. “O Conselho reflete o grau de maturidade da UFMA em ouvir e acatar a manifestação dos diversos segmentos sociais do Maranhão com o mesmo objetivo: Ações Afirmativas”, disse o reitor da UFMA, professor doutor Fernando Ramos.

Uma importante e valorosa iniciativa adotada pela universidade maranhense, em um estado onde a população negra é predominante e também busca este registro histórico. Parabéns a toda a comunidade da Universidade Federal do Maranhão. À propósito, quando a universiade federal do meu estado (Rio Grande do Sul) irá adotar e aplicar o sistema de cotas para o ingresso de estudantes afrodescendentes? Seria um passo importante para democratizar o acesso dos negros gaúchos aos bancos escolares....

Wednesday, November 01, 2006

RACISMO NO FUTEBOL GAÚCHO? DE NOVO?

Um fato deplorável ocorreu no dia 28 de outubro, sábado, no estádio Estrelão. No intervalo do jogo contra a equipe do Caxias o goleiro do Cruzeiro de Porto Alegre, Larry Diovane dos Santos, dirigiu ofensas discriminatórias ao árbitro Márcio Chagas da Silva, chamando-o de "negrão ladrão, só apita conta nós". Os policiais presentes ao estádio conduziram o atleta ao Palácio da Polícia, logo após o final da partida, vencida pelo Caxias por 5 a 1. Ele foi liberado depois de prestar esclarecimentos, já que não foi caracterizado o flagrante e, em virtude da legislação eleitoral, na véspera das eleições só podem ser feitas prisões em flagrante.

Diante dessa ocorrência lamentável e condenável sob todos os aspectos, o SAFERGS (Sindicato dos Árbitros do Estado do Rio Grande do Sul), manifesta o seu mais veemente repúdio à atitude do atleta Larry Diovane dos Santos e, ao mesmo tempo, sua irrestrita solidariedade ao companheiro árbitro Márcio Chagas da Silva. Cabe lembrar que, na legislação brasileira, o racismo é considerado crime hediondo e inafiançável.

Esclarecemos que estaremos atentos ao desenrolar do caso na Justiça, fiscalizando para que o agressor moral não saia impune. Agressões dessa natureza devem ser condenadas por toda a sociedade. Como esportistas e homens de bem, não podemos permitir que se reproduza aqui no Rio Grande do Sul a escalada de intolerância que se verifica nos estádios da Europa.

NEGROS AINDA MORREM DE "MORTE NÃO IDENTIFICADA"...

A proporção de pretos e pardos com causa de morte mal definida foi quase o dobro da registrada entre os brancos em 2004. O atestado de óbito de 16,1% dos negros (13,2% das pessoas de cor preta e 16,8% das de cor parda) que faleceram naquele ano não deixa claro o que provocou a morte, enquanto para os brancos o percentual é de 8,7%. O Ministério da Saúde, que disponibiliza os dados através do Datasus, atribui a diferença a um erro protocolar dos médicos, que não especificam, no atestado, o motivo do falecimento. Alguns especialistas em saúde vêem nos números um forte indício de discriminação racial no atendimento. Para eles, o dado sugere que é maior o percentual de negros que morrem sem receber assistência médica.

Comentário de casa: E isso não caracteriza "pouca importância" a uma registrada parcela de nossa população? Será que o Brasil não vai se enxergar como um país negro? De quem é a responsabilidade. Há preocupação em estudar as doenças que atingem a nossa população negra? Vocês estão vendo que só estou postando perguntas neste meu comentário. E aí, quando estas perguntas que posto serão respondidas?

ENCONTRO DE CRISTÃOS EVANGÉLICOS EM SALVADOR

No próximo dia 11 de novembro, professores, militantes do Movimento Negro e escritores se reúnem em Salvador, Bahia, para debater o combate a ações racistas e também a discriminação imposta pelas igrejas evangélicas sobre a cultura afro-brasileira. Esse será o I Encontro de Negras e Negros Cristãos da Bahia, o qual debaterá as históricas agressões aos negros que acontecem na sociedade brasileira desde a época da escravidão. Hoje, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) o número de cristãos afro-descendentes já soma mais de 12 milhões de brasileiros. Se você vai para Salvador, ou está na capital baiana, participe do evento, a ser realizado no Colégio Estadual Duque de Caxias, no bairro da Liberdade. Vale lembrar que a plenária será uma prévia para o primeiro encontro nacional sobre o assunto, que também será sediado na capital baiana, em 2007. Os temas propostos nas discussões, oficinas, palestras e mesas já têm sido desenvolvidos por instituições como o Conselho Nacional de Negros e Negras e refletem sobre o assunto e divulgam suas idéias na comunidade acadêmica e em conversas informais.

VIDA DE NEGRO: MÃE MARIA

Você conhece a história de Mãe Maria? Sabe quem foi esta mulher negra, cristã, líder de uma comunidade negra no litoral gaúcho? Se não imagina a existência dela, leia abaixo esta interessante pesquisa feita sobre esta história de uma mulher negra, líder. Mais uma personagem de uma história esquecida e pouco falada, a história de um negro: Vida de Negro, nossa raiz e nossa gente:


Mãe Maria

Uma mulher Africna evangélica, com fé em Cristo. A jovem Maria, da Nação Nagô, entrou no Brasil por volta de 1846. Foi adquirida, no mercado de escravos de Porto Alegre, pelo pastor Carlos Leopoldo Voges. Ela passou a serví-lo, na casa pastoral, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul.

"Mãe Maria" veio a ser a líder dos negros da Colônia de Três Forquilhas, até a sua morte que ocorreu em 1894."Mãe Maria" nasceu na África, por volta de 1825. A única informação mais precisa sobre o seu povo de origem é o Livro do Registro Eclesiástico mantido pelo pastor Voges. Ali consta ter ela sido proveniente da "Nação Nagô". Nada mais se sabe.

Os primeiros anos de Maria, na casa pastoral, na Colônia de Três Forquilhas, foram voltados para a adaptação à casa do seu senhor. Ela teve que frequentar aulas, ministradas por Dona Elisabetha, esposa do pastor. Foi alfabetizada em língua alemã. O motivo era o de permitir uma melhor comunicação com a patroa.Conta a tradição oral, que o “Pátio do Engenho” do pastor Voges passara a ser o local de reuniões, escolhido por Maria, da nação nagô, quando ela decidira orientar os afro-descendentes da Colônia. Esse “Pátio do Engenho” situava-se a aproximadamente 15 metros da igreja, nos fundos da casa do pastor Voges. O pátio era protegido por um pequeno taquaral e um centenário e frondoso cedro vermelho, sob cuja sombra Maria falava com os seus descendentes e vizinhos negros.

Por volta de 1860, ela solicitara autorização para ensinar seus filhos, os filhos de outras escravas da vizinhança e até mesmo mulheres e homens adultos. Maria nascera na África por volta de 1825 e fora trazida ao Brasil em 1846, ocasião em que o pastor Voges a adquirira. Os primeiros anos haviam sido voltados à adaptação à casa do pastor. Ela tivera que freqüentar as aulas de Dona Elisabetha para ser alfabetizada e para aprender a língua alemã. O motivo principal teria sido a simples necessidade de permitir uma melhor comunicação dos donos com ela. Maria teria, desde a chegada, a absoluta confiança de Dona Elisabetha.

Igualmente os negros da Colônia passariam a tê-la como sua líder. Os afro-descendentes passariam a chamá-la de “Mãe Maria”, em sinal de submissão e respeito.Ouvindo tal relato imaginamos Mãe Maria, por volta de 1860, com 15 anos de vida no Brasil, começando a observar as diferenças entre o seu povo de origem e essa gente da Colônia Alemã.

Simone de Beauvoir, no livro Segundo sexo (1949), afirma: “Não se nasce mulher, torna-se mulher”. Algo assim deve ter acontecido com Mãe Maria. Na África, ela não tivera consciência de sua negritude. Ela fora apenas uma mulher, na nação nagô, em meio a tantas outras tribos ou nações africanas.Essa consciência de sua negritude certamente só aflorara aos poucos. Em 1860, parece que ela se tornava uma negra consciente de sua condição africana, interessada na sua própria história, língua e costumes.

Ela desejava ensinar essas raízes e esses costumes dos ancestrais aos seus filhos e a outras negras.Nas reuniões, ela não contava apenas histórias. Ela fazia questão de cantar e de ensinar passos de dança, do costume nagô. No princípio, o pastor Voges, a esposa, os filhos e netos, e alguns vizinhos, teriam ido ver e ouvir, com curiosidade, o que ali se fazia. Porém, logo tudo caíra numa rotina, como se tudo passasse a fazer parte da vida normal dos fins de semana, sem mais despertar uma atenção maior.

Os afro-descendentes reuniram-se com certa regularidade no “Pátio do Engenho”, sob a liderança de Mãe Maria, até que sobreveio a Revolução Federalista, que afetaria a vida de toda a população. Tudo acabaria de repente. Na mesma época da Revolução, uma terrível epidemia se abateu sobre a Colônia de Três Forquilhas. Pastor Voges seria vitimado pelo mal em 1893 e Dona Elisabetha e Mãe Maria em 1894. Inúmeros outros afro-descendentes e familiares de colonos de origem alemã também pereceram.5

A influência de Mãe Maria

Mãe Maria deixara marcante influência na casa do pastor, na vida dos filhos, netos e bisnetos do pastor e nos negros da Colônia. Nem fora tanto assim pelas reuniões no “Pátio do Engenho”. Mais decisiva teria sido o serviço que ela prestara dentro da casa pastoral e nas festas da Igreja.Mãe Maria distinguira-se como cozinheira e doceira. Além do trivial exigido pela patroa, ela preparava, em dias especiais, manjares e iguarias jamais vistos. Lamentavelmente não existem receitas anotadas.

A tradição oral (FHO nº 01) apenas soube informar sobre alguns dos ingredientes usados por Mãe Maria nas diferentes receitas. Ela utilizava mel e leite de vaca, leite de milho verde, frutas silvestres, açúcar mascavo. Ou então utilizava o fubá para fazer guloseimas. Também com aipim raspado e outros ingredientes ela preparava uma gostosa comida. Tudo era disputado não só pelas crianças, mas até pelos adultos. Mãe Maria também sabia preparar afrodisíacos, alguns tendo na composição ervas do campo, outros mel ou ovos de pássaro. Quem teria feito uso desses afrodisíacos? O pastor e esposa?Diante dos afro-descendentes, Mãe Maria passaria a ser uma espécie de curandeira e sacerdotisa.

Ela receitava chás e xaropes que ela mesma preparava, feitos de folhas, ervas ou raízes de plantas medicinais. Fazia rezas e tratava a todos os doentes e carentes com muito amor. Na casa do pastor e na igreja, porém, ela se declarava como sendo uma mulher evangélica, com fé em Cristo.

Muitas vezes, ela teria expressado o desejo de ver um filho ou outros descendentes dela, preparando-se para ser pastor, e seguir os passos do velho Voges.6 -

A descendência de Mãe Maria na Igreja Evangélica

Luterana, Mãe Maria teve cinco filhos, conforme o Registro Eclesiástico: Anton (18.11.1847), Johannes Heinrich (20.02.1850), Rosária (28.09.1852), Manoel (21.10.1854), Amália (20.09.1855). Rosária seria a sucessora de Mãe Maria depois de 1894. Casada com Negro Vicente, ela daria os seguintes netos para Mãe Maria: Ritha (09.08.1869), Luciano (14.09.1871), Carlina ou “Candinha” (1872).

“Candinha” seria a sucessora de Rosária. Casada com o liberto João Moreira, ela daria os seguintes bisnetos para Mãe Maria: Arthur (07.06.1889), Maria Antonia (30.07.1890).Maria Antonia, já na casa do Coronel Carlos Frederico Voges Sobrinho (neto do pastor), daria as seguintes trinetas para Mãe Maria: Osvaldina e Olga.Osvaldina daria para Mãe Maria os seguintes tetranetos: Benoni e Sadi.Sadi Moreira ingressaria na Faculdade de Teologia da IECLB em 1969. Por força das circunstâncias, em uma época ainda por demais germanista, de uma Igreja incapaz de aceitar um pastor de origem negra, ele seria aconselhado a tornar-se diácono.
Atualmente ele atua em Panambi-RS.

Um breve ensaio de uma pastoral para afro-descendentes

Em 1899, a Comunidade Evangélica de Três Forquilhas passaria a contar com o trabalho do pastor Ernst Theodor Lechler. Ele se revelaria um ministro eclesiástico com uma visão extraordinária, ao decidir dar aos afro-descendentes uma atenção privilegiada, reconhecendo a grande riqueza que os mesmos representavam para a Igreja.Organizou um coral integrado exclusivamente por afro-descendentes e passou a realizar cultos especiais para a população negra da Colônia de Três Forquilhas, bastante numerosa.

A tradição oral informa (FHO nº 02) que o templo tornava-se pequeno quando se realizavam os cultos para negros. Eram centenas de homens, mulheres e crianças que acorriam muito mais para ver os irmãos e amigos cantando no coral, do que para ouvir o pastor.Interessante é o relato sobre os ensaios do coral. Os cânticos eram tanto em língua alemã como em português. Uma vez que a maioria dos afro-descendentes não dominava a língua alemã, o pastor apenas ensaiava cânones ou estribilhos em língua alemã. O peso maior teria sido para cânticos em português.

Um dia desses, em meio a um ensaio de rotina, o pastor teria constatado que alguém estava destoando. Passando bem devagar pelas fileiras de cantores e aguçando o ouvido, teria localizado aquele que estivera totalmente fora do tom. Ao invés de cantar “O lasset uns anbeten” (em português, seria “Ó vinde e adoremos” – HPD nº 17), ele teria cantado “O laço de São Pedro”.O Pastor Lechler transferiu-se para a cidade de Santa Cruz do Sul em 1907. Seu sucessor simplesmente teria abolido esse trabalho dedicado aos afro-descendentes.

Fontes bibliográficas
- Livro do Registro de Batismos nº 01, da Comunidade Evangélica de Três Forquilhas.- MÜLLER, Elio E. Três Forquilhas: 1826-1899. Curitiba : Fonte, 1992.MÜLLER, Elio E. Três Forquilhas: 1900-- 1949. Curitiba : Italprint, 1993.

LULA REELEITO ATÉ 2010: PLURALIDADE RACIAL

Reeleito com mais de 58 milhões de votos, o presidente Luís Inácio Lula da Silva foi o presidente reconduzido ao cargo com o maior índice de aprovação da história democrática brasileira. Este índice de aprovação pode ser frisado pelos 60,8% que recebeu de aprovação nas urnas. Seu opositor, Geraldo Alckmin teve então 39,2% de aprovação do eleitorado, ou seja, recebeu mais de 30 milhões de votos.

Em seu primeiro pronunciamento Lula conclamou a todos os brasileiros a trabalharem unidos pelo crescimento econômico e pelo fortalecimento da democracia. Todos nós desejamos isso. Em especial, trazendo para a cara deste BLOG, duas declarações de Lula foram marcantes para nós da comunidade negra:

  • Ao final do debate ao qual participou na sexta-feira passada (27/10) na Rede Globo, Lula disse em uma única frase que garantirá maior cidadania ao negros em seu segundo mandato.

  • No domingo, após vencer o pleito, declarou que irá manter sim a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, em meio a perguntas em torno de um possível enxugamento de ministérios em seu próximo governo. Lula declarou a importância política e histórica que a secretaria tem para toda a população negra brasileira, e também declarou o valor político que a secretaria possui dentro da esfera governamental. Deu tais declarações estando lado-a-lado da ministra Matilde Ribeiro, titular da SEPPIR.

O que queremos, o que desejamos, o que queremos construir? Queremos sim construir uma democracia racial neste país. E continuaremos trabalhando para perseguir isso... Boa sorte a Lula e boa sorte também a todos que trabalham com questão racial não só na esfera governamental, mas também na educação, no lar, na família. Este país tem que ser plural, e isso eu falo sempre. QUERO UMA NAÇAO PLURAL!!!!!!