A CASA DO OSCAR

Wednesday, May 30, 2007

ARTIGO: A FUNÇÃO SOCIAL DE COMUNICAR PARA UM BRASIL MISCIGENADO

"O racismo só será combatido se nós combatermos o medo. Calar é concordar, é confirmar é ratificar a discriminação. Somos um caldeirão de raças, somos uma pátria democrática. Somos o país do hoje, do agora e para sempre."

Foi com este convite que tive o prazer de iniciar a palestra ministrada no XX Encontro Afro Alagoano de Educação, realizado no dia 25 de maio último em Maceió, Alagoas. O convite na verdade foi uma provocação positiva. Um momento salutar para se mobilizar educadores para incorporarem em suas vidas e em seus projetos de cidadania o desejo de serem agentes construtores da igualdade racial. Não só em sala de aula, mas também na vida, o papel do educador é nobre e sublime. Nobre porque é uma nobreza a vocação de ensinar e educar. É realmente sublime a responsabilidade de, por vários momentos do dia, o professor ser uma referência paterna e até materna aos seus alunos. É na maior parte do dia que nossos filhos e filhas convivem com os seus professores, seja na escola, seja em atividades extracurriculares.

É um desafio e foi realmente uma tarefa árdua falar sobre a Função Social da Comunicação em um Brasil Miscigenado. A oportunidade de debater e de apresentar dados e informações aos educadores valeu para mim como a promoção de uma mea culpa. Valeu para mostrar a desfunção social que os veículos de comunicação e, por muitas vezes, nós jornalistas deixamos de falar em nossas pautas sobre as especificidades e curiosidades de um país que é miscigenado.

Não conhecemos e não sabemos, muitas vezes, que mais de 80 milhões de brasileiros de norte a sul não negros, são afro-descendentes. E aí, como ficamos? Não ficamos. Reproduzimos discursos patronais e produzimos reportagens eurocentristas. Nossa preocupação, como jornalistas e escravos do tempo e dos fatos, fica muitas vezes voltada a informar os nossos telespectadores, por exemplo, que é mais vantajoso aproveitar as férias e fazer um cruzeiro de navio. Ou então visitar as Bahamas e conhecer suas preciosas praias. Não valeria nós, como bons brasileiros, recomendar ao nosso turista uma visita à Serra da Barriga, em União dos Palmares e após um belo passeio pelo mar e as paisagens de Maragogi, em Alagoas? Com certeza, valeria.

Não cumprimos nossa função social de informar e de valorizar a riqueza nacional quando desconhecemos e fazemos vistas a não considerara que pretos e pardos, com 10 anos ou mais possuem menor escolaridade que os brancos, enquanto apenas 3,1% da população branca eram sem instrução ou com menos de um ano de estudo, 8,3% da população preta e parda se encontravam nessa mesma situação.

Nossa desfunção vai ainda além. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, enquanto a população branca vive, em média, até os 71 anos, a negra morre aos 66 anos. Na mortalidade infantil, o quadro é semelhante. De cada mil bebês brancos, cerca de 23 morrem antes de completar 1 ano. Já entre os negros, esse número sobe para 38.

Deixamos de frisar e de chamar ao debate social, a exclusão do negro no Mercado de Trabalho. Na região metropolitana de São Paulo, por exemplo, embora representem 33% da população, os afrodescendentes ocupam apenas 4,4% desses cargos.

Em Salvador, cidade que tem 81,8% da sua população negra, apenas 10,3% ocupam cargos de chefia. Empresas com bons salários não tem o hábito de contratar negros e, quando o fazem, é para funções menos qualificadas e remunerações inferiores. Quando conseguem furar as barreiras de acesso, os negros ganham menos - em média, a metade de um trabalhador não-negro. Dados do DIEESE mostram que apenas 54,5% do salário de um trabalhador não-negro.

Na hora de promover a depuração e o questionamento sobre nosso papel midiático perante o racismo, aí mesmo é que procuramos esconder nossas falhas, justificando prioridades outras ao invés de falarmos sobre discriminação, segregação e não-inclusão. Mas acordados, alguns profissionais da Comunicação vão a campo e mostram dados. A programação atual das TV´s brasileiras expressa uma invisibilidade do negro brasileiro, seja em seu conteúdo, seja no número de profissionais negros que atuam.

Nas TV´s públicas brasileiras expressa um baixo perfil de reflexão sobre o pluralismo cultural brasileiro. Ao analisar a programação da TV pública brasileira, a Fundação Cultural Palmares/Ministério da Cultura, constata que 86% dos apresentadores das emissoras estatais são brancos e 93,3% dos jornalistas são também de origem européia.

Tal invisibilidade também é vista na mídia impressa, no rádio e na publicidade. São pequenas as inserções dos negros em temas culturais, políticos e econômicos. Sempre que mostrada, a população negra é apresentada em condições de submissão e inferioridade.

Somos ainda cúmplices em deixar que nossos livros escolares e tudo aquilo que circula no campo da formação e informação, leve ao nosso leitor uma visão romântica da abolição da escravatura, como se a mesma fosse feita com o propósito de dar justiça e liberdade a tantos negros que com o sangue defenderam o direito a vida. Vale lembrar e não esquecer que quando finalmente foi decretada abolição da escravatura não se realizaram projetos de assistência ou leis para a facilitação da inclusão dos negros a sociedade, fazendo com que continuassem sendo tratados como inferiores e tendo traços de sua cultura e religião marginalizados, criando danos aos afro-descendentes até os dias atuais.

Chamo atenção para a reação que nós, comunicadores, devemos provocar em nossa sociedade. E temos sim os professores como importantes aliados e parceiros nesta luta. Para isso, os educadores devem, em sala de aula:

Promover juntos aos alunos a LEITURA de notícias e artigos publicados em mídia impressa (jornais, revistas) sobre o tema racismo e desigualdade social;

Os alunos jovens devem ter ser estimulados a realizar a ANÁLISE crítica das publicações (debates, atividades em grupo, painéis em sala de aula e também entre professores);

É missão do educador DESENVOLVER no aluno o desejo pela produção escrita de textos, composições, histórias em quadrinhos sobre o tema racismo, a partir do que assistem na TV, ouvem no RÁDIO e lêem em JORNAIS, REVISTAS E INTERNET;

O professor (a) também pode PROMOVER a inserção da comunidade escolar junto aos veículos locais de comunicação, com sugestões de temas para a pauta sobre inclusão racial, envio de correspondências e pedido de divulgação e até mesmo contato direto, por telefone e por e-mail junto a jornalistas, editores, diretores de emissoras e também de jornais.

Devemos sempre lembrar que os veículos de comunicação são uma concessão pública. Não são propriedade exclusiva de empresários. Portanto, como concessão pública devem respeitar e assegurar a pluralidade cultural em suas programações.

A sociedade brasileira deve ser cidadã, deve exigir o debate pleno sobre o racismo na mídia e denunciar ações preconceituosas e discriminatórias. Denunciar ao Ministério Público e também as entidades de proteção e valorização dos Direitos Humanos.

Comunicar para um Brasil Miscigenado deve sim partir de uma reação de nossa sociedade ao conteúdo enlatado e europeu das novelas e dos noticiários. Os padrões de beleza de nosso país são milhares. E esteticamente não estrão retratados. Vale questionar? Vale, mas, acima de tudo, vale mobilizar. Educadores, mãos à obra.

IBM CONVIDA JOVENS PARA PARTICIPAR DA AFRO-TECH 2007

A IBM Brasil, em parceria com a Fatec Afro, realizará entre 16 e 20 dejulho de 2007, pelo terceiro ano consecutivo, a Semana de InclusãoSocial para a Comunidade Afro-Descendente (AfroTech), no Museu daLíngua Portuguesa de São Paulo.

Durante toda a semana, jovens afro-descendentes de comunidades de baixa renda terão, gratuitamente,aulas de informática, sistemas de informação e Internet, comunicação,além de palestras da equipe de recursos humanos da IBM, sobreplanejamento profissional e dicas de como entrar no mercado de trabalho.

A iniciativa da Semana de Inclusão da IBM é mundial – acontece paralelamente em 25 cidades do mundo - e São Paulo é a única cidade da América Latina a sediá-la. No ano passado, no Brasil, 55 jovens receberam certificado de participação. Para este ano, a expectativa é que 80 jovens de instituições de São Paulo, Grande São Paulo e região de Campinas participem das aulas.

MARANHÃO VAI TER POLÍTICA DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL

O Governo do Maranhão vai impulsionar a política de ações afirmativas, que incluem a implementação de ações de construção da cidadania das populações afrodescendentes e indígenas no Estado. Essa é a primeira vez na história do Maranhão que um governante coloca entre suas prioridades o desenvolvimento de ações de governo que venham a valorizar a pluralidade racial de seu povo. Foi visando à concretização dessas ações, que o governador Jackson Lago instituiu na estrutura administrativa estadual a Secretaria de Estado da Igualdade Racial (Seir), que vai articular e desenvolver todo esse processo. “O nosso propósito é dar vez e voz a todos os povos, independentemente, de sua cor”, frisou Jackson Lago.

LULA QUER ROTAS AÉREAS ENTRE O BRASIL E O CONTINENTE AFRICANO

Em reunião realizada no último dia 28 de maio em São Paulo, o presidente Lula pediu às companhias aéreas que criem linhas para a África e que ampliem seus vôos para a América do Sul, neste caso, principalmente a partir da Amazônia e do Centro-Oeste. O argumento foi o aumento do comércio com esses países, e discutiu-se a possibilidade de subsídios, redução de tarifas e isenção de impostos como estímulo.

Após o encontro, o presidente da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), Milton Zuanazzi, disse que o fluxo comercial entre o Brasil e países africanos, que é de US$ 15 bilhões ao ano, justificaria linhas para o continente, para o qual nenhuma empresa brasileira voa.Em coletiva de imprensa concedida após a reunião, o presidente da agência afirmou que as companhias apresentarão, entre os dias 6 e 7 do mês que vem, sugestões de como viabilizar esses vôos.Segundo ele, no caso da África, os destinos mais interessantes seriam Nigéria e Angola.

No caso da América do Sul, Quito (hoje não há vôos de empresas brasileiras para o Equador), além dos países andinos. Na reunião, as companhias citaram negociações de acordos de compartilhamento de vôos para voar para a África: a TAM com a africana South African e a BRA com a Royal Air Maroc. A OceanAir possui autorização para voar para Nigéria e Angola, mas ainda não iniciou esses vôos.Participaram da reunião com Lula representantes da TAM, Gol, BRA, OceanAir, a ministra do Turismo, Marta Suplicy, o da Defesa, Waldir Pires, e o chanceler Celso Amorim.

BRASIL CONSTRUIRÁ USINA DE ÁLCOOL NA NIGÉRIA

A Petrobras irá sim construir uma usina de álcool na Nigéria. A informação foi confirmada nesta terça-feira (29/5) pela própria companhia. O valor do contrato fechado com a Nigéria National Petroleum Corporation foi de US$ 200 milhões e o objetivo da ação será suprir o mercado nigeriano com etanol.

O governo brasileiro está também incentivando o governo do presidente Umaru Yar'Adua, empossado também neste dia 29 de maio, a incluir no seu plano de desenvolvimento para o delta do Rio Níger a produção de cana-de-açúcar, sob forma de elevar a renda e a empregabilidade para a população local.

DNA EUROPEU? EU FORA....

Não posso perder a oportunidade de comentar sobre a reportagem de Zuleide Silva, apresentada na edição de ontem (29/5) no Jornal Nacional. Claro que, após começar contando o caso dos dois irmãos gêmeos que ao se inscreverem para o Vestibular de Inverno da UnB, pelo sistema de cotas, não foram aceitos - ou melhor, um deles teve a inscrição indeferida por não ser "negro" (os dois são filhos de pai negro e mãe branca), a reportagem seguiu apresentando uma, digamos, curiosa pesquisa genética. Nela, nove personalidades negras, entre elas a ginasta Daiane dos Santos e o cantor Neguinho da Beija-Flor, foram considerados geneticamente europeus, por terem uma maior carga genética eurodescendente em relação a origem africana.

Ora, esse tipo de constatação mostra que somos um país miscigenado? Somos sim, mas não podemos nos furtar ao fato de que somos negros sim. Que nossa pele, nossos cabelos, nosso corpo, nossa mente e nossa alma é sim negra, é sim afrodescendente.

Todos nós somos sim miscigenados, até porque o mulato e a mulata nasceu de uma mistura obrigada, forçada, violada. Foram sim os descendentes europeus - portugueses - que ao receberem seus escravos, exigiam das mulheres negras não só a mesa, mas também a cama. E foi assim que muitos negrinhos e negrinhas passaram a ser os novos cidadãos brasileiros. Misturados, com sangue negro e europeu. Nada que foi dito nesta matéria foi uma grande novidade. No Brasil e na América, que é o Novo Mundo, a miscigenação é real e elevada.

O que deve ficar claro é que está sim havendo uma forte campanha da mídia, ou melhor da Rede Globo de Televisão em inibir a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial. Também há manobras políticas para derrubar o Decreto 4.887, de 20 de novembro de 2003, que dá acesso à terra e a propriedade aos quilombolas. São manobras políticas, latifundiárias, elitistas, que ganham eco e ressonância pelas lentes da maior rede de televisão aberta do país.

Em meio ao debate sobre o DNA europeu. Até posso ter sangue europeu e português, já que meu sobrenome é Marques Cardoso. É sim europeu, tanto pelo Marques, quanto pelo Cardoso. Mas querem saber....

DNA EUROPEU, EU FORA.....

Sunday, May 27, 2007

ALAGOAS: FEIJOADA NA SERRA DA BARRIGA MARCA APRESENTAÇÃO DO PARQUE QUILOMBO DOS PALMARES


Assim que cheguei ao Aeroporto Zumbi dos Palmares, em Maceió, uma grata surpresa. Recebido pela Arísia Barros, do Núcleo Temático de Consciência Negra da Secretaria da Educação de Alagoas, acompanhado por mais dois assessores, fomos então direto para a Serra da Barriga. Lá, uma feijoada estava marcando a apresentação oficial do projeto Parque Memorial Quilombo dos Palmares. Lá também estava Patrícia Mourão, idealizadora do projeto, do Instituto Magna Matter. Lá ela e outros convidados recebiam autoridades. Tive a oportunidade de cumprimentar, com muito carinho, Chica Xavier, seu marido, o também ator Clementino Kelé e outras lideranças religiosas locais. Junto, também estava o professor Nelson Inocêncio, da Universidade de Brasília, que assim como eu conheceu Palmares in loco pela primeira vez.

Foi uma visita histórica, um almoço especial, um momento único para todos nós.

ALAGOAS: TUDO PRONTO PARA O PARQUE MEMORIAL QUILOMBO DOS PALMARES


Tá tudo quase pronto. Assim que forem feitas melhorias na estrada, o Parque Memorial Quilombo dos Palmares será mais um importante ponto turístico e histórico a ser visitado pelos brasileiros e também estrangeiros que vão a Alagoas e ao Nordeste brasileiro.


Tive a oportunidade, a feliz surpresa de visitar o Parque, instalado na Serra da Barriga, lugar onde se situava o Quilombo de Palmares. O Parque irá oferecer uma estrutura de história e também de informações sobre a cultura negra brasileira. O projeto foi realizado pela ONG Instituto Magna Matter, com apoio da Petrobras e do Ministério do Turismo. O sítio histórico é administrado pela Fundação Cultural Palmares/MinC.


No parque, o visitante poderá sentir na pele, e ouvir, graças a um sistema de som, fatos que marcaram a existência de Palmares. A visita é emocionante e a oportunidade de conhecer a Serra da Barriga veio em uma hora maravilhosa. Seguida de uma feijoada, com a presença de autoridades estaduais e do município de União dos Palmares, vizinho a Serra da Barriga.

Monday, May 21, 2007

BBC BRASIL BUSCA ANCESTRAIS AFRICANOS DE BRASILEIROS

O serviço brasileiro da rede britânica BBC, a BBC Brasil, vai traçar o perfil genético de nove brasileiros famosos de origem africana. Celebridades como os músicos Milton Nascimento, Djavan e Seu Jorge e a ginasta Daiane dos Santos participam do projeto que explora a ancestralidade africana da população brasileira. Os resultados da pesquisa vão ser publicados no site da BBC Brasil a partir de segunda-feira (21).

O projeto da BBC Brasil é baseado em exames de DNA conduzidos pelo geneticista Dr. Sérgio Pena. Os testes serão feitos com base nas análises do cromossomo Y (passado de pai para filho), do DNA mitocondrial (transmitido pela mãe para filhas e filhos), e do DNA genômico, que permite determinar o percentual de genes africanos, europeus e ameríndios na composição de um indivíduo.

Os resultados serão comparadados com o banco de dados do Dr. Pena para determinar a origem geográfica das amostras colhidas.

"Temos um banco de dados contendo seqüências de DNA de milhares de africanos de diversas regiões da África. Poderemos, assim, comparar os dados individuais com esse banco de dados em busca da ancestralidade materna e paterna da pessoa. Pela análise do DNA genômico, poderemos estimar a proporção do genoma que tem origem africana, européia e ameríndia", explicou Sérgio Pena.

QUILOMBOS SERÃO CONECTADOS À INTERNET BANDA LARGA

O Ministério das Comunicações vai concluir, até junho, o projeto de inclusão digital de comunidades quilombolas. Quinze quilombos poderão se comunicar por rádio, telefonia fixa e internet. A iniciativa também beneficiará doze pontos que trabalham com a cultura afro-brasileira, espalhados por sete estados.

"Vamos levar o Programa de Inclusão Digital para todas as comunidades quilombolas e indígenas do Brasil", afirmou o ministro das Comunicações, Hélio Costa.

O acesso à tecnologia é um dos principais focos da Rede Mocambos, resultado de uma parceria entre o ministério e a Casa de Cultura Tainã, em Campinas. A Rede integra o Programa Gesac (Governo Eletrônico - Serviço de Atendimento ao Cidadão), por meio do qual o Ministério das Comunicações tem investido cerca de R$ 37 milhões por ano na instalação de pontos de inclusão digital.

De acordo com o coordenador da Casa de Cultura Tainã, Antônio Carlos Santos Silva, três dos quinze quilombos já estão conectados. São eles: Quilombo André Lopes, no Vale do Ribeira (SP); Comunidade Xambá, em Olinda (PE); e o Quilombo Brotas, em Itatiba (SP). A maioria dos quilombos beneficiados pelo projeto está localizada no estado de São Paulo.

Antônio, conhecido como "TC", acredita que cerca de 400 pessoas serão incluídas digitalmente em cada quilombo. Isso sem falar nos doze pontos de cultura em áreas urbanas, que já tiveram o processo de instalação concluído. Os pontos de cultura participantes da Rede Mocambos estão espalhados por São Paulo, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Pernambuco e Rio Grande do Sul.

A estrutura necessária para a comunicação, como é o caso dos computadores, vem das parcerias do Programa GESAC com entidades públicas. As comunidades quilombolas recebem doações de máquinas usadas, que passam por um processo conhecido como metareciclagem. Os membros das comunidades são capacitados, por meio de oficinas, e passam a trabalhar na montagem e manutenção dos equipamentos.

Cada comunidade contará com um servidor e até dez computadores. Com a conclusão do projeto, o Ministério das Comunicações estima que cerca de 10 mil pessoas sejam incluídas digitalmente.

Wednesday, May 16, 2007

INTERNAUTAS PROTESTAM CONTRA REPORTAGEM VEICULADA SOBRE QUILOMBO PELA GLOBO

A divulgação de reportagem pela Rede Globo a qual denuncia suspeita de fraude no processo de reconhecimento da comunidade quilombola de São Francisco do Paraguaçu, situada no Recôncavo Baiano, repercute muito mal nas comunidades do movimento negro na web.

A principal reclamação dos internautas, militantes do movimento negro ou não, se dá pelo fato da promoção do anti-jornalismo. Ou seja, uma reportagem extensa, de seis minutos, não deu sequer direito de resposta e defesa para os órgãos governamentais.

Apenas na edição de ontem (15) do Jornal Nacional, a emissora deu uma segunda matéria continuando o assunto. Nela, ouviu sim o Governo Federal, com um tempo menor de edição da declaração, é claro.

TERRITÓRIO AMEAÇADO TRATA DE COMUNIDADE QUILOMBOLA RECONHECIDA

Para quem tem curiosidade em conhecer mais detalhes sobre a Comunidade Quilombola de São Francisco do Paraguaçu, na Bahia, vale a pena assistir ao vídeo TERRITÓRIO AMEAÇADO.

TERRITÓRIO AMEAÇADO A luta quilombola em São Francisco do Paraguaçu é uma nota viva de solidariedade à Comunidade Quilombola de São Francisco do Paraguaçu, território da resistência e cultura negra no Recôncavo baiano, que se encontra ameaçado por ações de fazendeiros da região.Nos últimos meses, foram várias as investidas de policiais e jagunços armados contra a comunidade. Denúncias foram encaminhadas aos órgãos responsáveis e o povo quilombola está mobilizado na luta por seus direitos. Procura-se a tão esperada justiça. O material tem duração de 20 minutos e foi produzido pela Grifo Produção Audiovisual.

Quer assistir ao vídeo, então acesse o site www.grifocomunicacao.com.br

LIVRARIA NEGRA É INAUGURADA NO RIO DE JANEIRO

Surge uma nova livraria negra no pedaço. E este novo espaço para divulgação de obras literárias e da produção cultural afro fica na Cidade Maravilhosa. Na próxima sexta-feira, dia 18 de maio, será inaugurada no bairro da Lapa, no Rio de Janeiro, a Kitabu Livraria Negra. O empreendimento será coordenado pela jornalista e pesquisadora Fernanda Felisberto e por Heloisa Marconde. Nossa inauguração será em grande estilo, com o lançamento do novo romance de Conceição Evaristo, Becos da Memória.

Para você que tá no Rio, não deixe de prestigiar esta inauguração. A Kitaubu Livraria Negra fica na Rua Joaquim Silva, 17 Lapa, RJ.Tel: 5521- 2224-9847/ 8887-0576. E-mail:Kitabulivraria@gmail.com. Site: kitabulivraria.wordpress.com

ATORES DO FILME "CIDADE DOS HOMENS" SÃO CONFUNDIDOS COM TRAFICANTES

Um jornal carioca publicou em sua primeira página, na edição de hoje, uma foto de atores do filme "Cidade dos homens", ainda inédito, como sendo traficantes exibindo seu "poder de fogo". A foto caiu como uma bomba, na manhã de hoje, na favela do Vidigal, mais precisamente no grupo teatral Nós do Morro, que existe há 21 anos. Luciano Vidigal, de 27 anos, há 17 como ator, e que aparece no centro da foto publicada, levou um susto ao passar por uma banca de jornais. "Parei para ver a notícia do Zeca Pagodinho, quando olhei para o jornal ao lado e me assustei. Era eu, identificado como um traficante. É impressionante como as pessoas não se preocupam com o ser humano. Estou indignado e com medo do que por acontecer", disse. Luciano está em cartaz atualmente com o filme "Proibido proibir" e o filme "Cidade dos homens", da produtora O2, estréia em agosto nos cinemas.

SÃO JOÃO DE MERITI EMPOSSA CONSELHO MUNICIPAL DA IGUALDADE RACIAL

Toma posse no próximo dia 31 de maio, o Conselho Municipal da Igualdade Racial de São João de Meriti, no Rio de Janeiro. O evento será realizado às 18h, na sede da Câmara Municipal de São João de Meriti, no Rio.

DEPUTADOS CAPIXABAS DEBATEM COMBATE À HOMOFOBIA

Nesta quinta-feira, 17/5, a Assembléia Legislativa do Estado do Espírito Santo, sediará Audiência Pública para marcar o Dia Contra a Homofobia, comemorado no mundo todo neste dia. Na ocasião será realizado o debate "O enfrentamento à Homofobia, do Racismo e do Machismo no Atual Cenário Político e Social".

O depuado estadual Givaldo Vieira, do PT, também apresentará um projeto na Assembléia para que a homofobia seja criminalizada no estado.

TIME HÚNGARO É CONDENADO POR RACISMO

O Ujpest foi punido com a perda de três pontos pela Federação Húngara de Futebol por conduta racista de seus torcedores durante a vitória por 2 a 0 sobre o Debrecen. A torcida do Ujpest endereçou gritos racistas ao atacante senegalês Ibrahima Sidibe.

O time sancionado anunciou que não pensa em recorrer da decisão da federação. - Nos agradando ou não, a federação tomou uma medida amparada ne lei - sentencia Szilard Danyi, dirigente do Ujpest, à pagina oficial do clube. A Federação Húngara fundamentou a punição nas recomendações da Fifa. O clube, que poderia ser condenado a jogar partidas com portões fechados ou ser multado, havia sido sancionado por racismo. Em 2005, o Upjpest teve de pagar US$ 23 mil (cerca de R$ 46 mil) devido a cantos anti-semitas de seus torcedores.

CLODOVIL PEDE DESCULPAS ÀS MULHERES

Constrangido com toda a repercussão negativa que deu, o deputado Clodovil Hernandez (SP) divulgou nota oficial pedindo desculpas as mulheres pelas declarações que fez contra a deputada Cida Diogo, do PT/RJ. O episódio ganhou repercussão pela mídia e mais ainda prejudicou ainda mais a imagem legislativa de Clodovil, leia a nota abaixo:


São Paulo, 15 de maio de 2007

Ao povo brasileiro,

Não vou negar que expus, durante uma entrevista, alguns pensamentos polêmicos a respeito das mulheres. Jamais quis ofendê-las. Foram dados matizes de escândalos a uma entrevista que deveria ser pintada com uma cor neutra.

Arrependo-me de não ter sido atento e de não ter me dado conta de que ultrapassava limites do "politicamente correto".Peço desculpas às mulheres. Elas sabem, pois me conhecem há anos - e não somente agora na figura de deputado federal - que sou assim, que às vezes me empolgo e falo demais, mas que isso não significa, em momento algum, desprezo ou desrespeito pela mulher que, num país como o nosso, cheio de injustiças, representam papel de extrema relevância.

Aqueles que acompanham minha carreira sabem, pois foi sempre público, o papel importante que minha mãe desempenhou em minha vida. E eu jamais desrespeitaria a minha mãe.Reitero minhas desculpas a todas as mulheres deste País, que prosseguem, indistintamente, merecendo o meu carinho e, sobretudo, o meu respeito e gratidão.

E o meu trabalho sério, profissional e ético na Câmara dos Deputados. Afinal, se lá cheguei, foi graças aos votos de inúmeras mulheres que confiam em mim e acreditam nos meus sentimentos.

Sempre transparentes, assim como os meus atos.Agora a hora é de continuar o trabalho. Já tenho nos primeiros três meses dez projetos protocolados e participo de duas comissões.Este é só o começo da jornada que estou trilhando para honrar a confiança que me foi depositada.

Deputado Federal Clodovil Hernandes

FUNDAÇÃO PERSEU ABRAMO ABRE VAGAS PARA ESTÁGIO

Dois estagiários(as) estudantes de graduação das áreas de Arquivologia, História e/ou Ciências Sociais, com alguma experiência em organização e classificação de acervos documentais e interesse demonstrável de especialização em gestão documental.

Um(a) estagiário(a) estudante de graduação em História ou Ciências Sociais, com experiência de pesquisa ou interesse demonstrável de especialização sobre a história da esquerda brasileira.

Um(a) assistente técnico com formação em História e experiência comprovada na área de história da esquerda brasileira.

Processo de seleção:

A seleção será feita com base em análise de currículo e entrevista, nas quais serão avaliadas as experiências profissional, acadêmica e de envolvimento em projetos sociais e políticos dos(as) candidatos(as), bem como suas capacidades de elaboração, expressão e compreensão sobre a natureza das tarefas a serem desempenhadas.

Prazos:

3 a 18 de maio de 2007 – divulgação da seleção e recebimento dos currículos.
21 a 25 de maio de 2007 – seleção dos currículos.
28 a 31 de maio de 2007 – entrevistas dos(as) candidatos(as) selecionados(as).
4 de junho de 2007 – divulgação dos resultados.

Observações

- Os(as) candidatos(as) para a vaga de estagiário devem estar regularmente matriculado(as) e cursando o quarto semestre.
- A carga horária do estágio é de 20 horas semanais e a bolsa-estágio é de R$ 600,00 (seiscentos reais).
- A carga horária para técnico é de 40 horas semanais e salário a combinar, de acordo com o enquadramento do perfil do profissional contratado(a) no plano de cargos e salários da Fundação Perseu Abramo.


OBS: Os currículos podem ser entregues pessoalmente ou enviados pelo Correio para a sede da Fundação Perseu Abramo:

Fundação Perseu Abramo (A/C Processo Seletivo de Estagiários (as) e Técnico(a))
Rua Francisco Cruz, 234 – Vila Mariana – São Paulo – SP – CEP 04117-091

Os currículos também podem ser enviados via e-mail para o endereço:
pesquisa@fpabramo.org.br COM A MENÇÃO OBRIGATÓRIA “PROCESSO SELETIVO DE ESTAGIÁRIOS(AS) E TÉCNICO(A)” NO ASSUNTO

ORIGENS DO CONFLITO SÃO CONHECIDAS, PARA MOVIMENTO QUILOMBOLA

Na avaliação dos representantes do Movimento Quilombola, as origens do conflito, no caso o ocorrido na Bahia são freqüentes e marcam a trajetória de luta e valorização dos descendentes de escravos. É o que diz o coordenador do Comitê Quilombola em Ação. Gilberto Leal confirma que sobre o episódio de São Francisco do Paraguaçu, no Recôncavo Baiano, já é bastante conhecido, principalmente porque conta com o apoio e a participação de Lu Cachoeira, genro do fazendeiro Ivo Santana, o qual briga freqüentemente com os quilombolas pela posse de uma parte dos 5 mil hectares do território reconhecido pelo governo.

De acordo com Leal, Lu Cachoeira possui um cargo público no Governo da Bahia e teria sido, segundo o líder quilombola, autor de episódios de ameaça e violência contra os remanescentes que lá vivem. “Já denunciamos o senhor Lu Cachoeira a secretária responsável pelo órgão público onde atua e vamos continuar sim lutando pela posse da terra, já que o processo de reconhecimento é uma demanda histórica do governo para com a população negra.


NA ÍNTEGRA:

Leia abaixo o conteúdo da Nota Oficial produzida pelo Conselho Pastoral dos Pescadores da Bahia. A nota foi encaminhada para a Rede Globo de Televisão e para a imprensa baiana. Conta com o apoio de dezenas de organizações não-governamentais do Movimento Negro:

NOTA PÚBLICA

COMUNIDADE REMANESCENTE DE QUILOMBO SÃO FRANCISCO DO PARAGUAÇU

Cachoeira, Bahia.

As falsidades veiculadas pelo Jornal Nacional da Rede Globo de Televisão no dia 14 de maio deste ano “Crime no quilombo – suspeitas de fraude e extração de madeira de Mata Atlântica” repetem na história o que significou o 14 de maio de 1888 para a população negra no Brasil, dia seguinte à abolição oficial da escravatura.O dia 14 daquela época significou o acirramento das relações escravistas, da violência racial contra negras e negros, e a tentativa de exterminá-la através de inúmeras medidas de exclusão e apartheid, dando continuidade ao processo de exclusão social e criminalização da população negra.

Passados cem anos continuamos a assistir às práticas racistas, novamente a covardia daqueles que atacam as comunidades negras utilizando as estruturas poderosas de dominação se manifesta através da veiculação de uma reportagem fraudulenta e tendenciosa, sem oferecer a comunidade nenhuma oportunidade para se defender. Nossa comunidade assistiu a reportagem exibida no Jornal Nacional da Rede Globo com profunda indignação diante da atitude racista expressa na má fé e na falta de ética de um meio de comunicação poderoso que está submetido a interesses perversos e tenta esmagar uma comunidade negra historicamente excluída.

Já esperávamos por esta reportagem, pois fomos testemunhas do teatro que foi armado por ocasião das filmagens, onde boa parte da comunidade envolvida na luta pela regularização do território quilombola nem sequer foi ouvida, visto que a equipe de reportagem se recusou a registrar qualquer versão contrária aos interesses dos fazendeiros, cortando falas e utilizando de métodos persuasivos, já que demonstrou expressamente o objetivo de manipular e deturpar a realidade, inclusive . Tentamos conversar com os prepostos da TV Bahia, filial da rede Globo, mas fomos ignorados. Logo vimos a vinculação da reportagem com os poderosos locais que tentam explorar nossa comunidade.

Diante deste sentimento de indignação com a reportagem fraudulenta exibida hoje vimos a público divulgar as verdades que Globo não divulga:

Historicamente, nossa comunidade ocupa este território. Os relatos dos mais idosos remetem nossa presença a muitas gerações. Ali sempre praticamos um modo de vida fruto de uma longa tradição deixada por nossos ancestrais. Extraímos da Floresta a Piaçava, o Dendê, a Castanha, e tantos outros produtos. Extraímos tantos tipos de cipós diferentes que usamos para fazer cofos, cestos e tantos outros artesanatos aprendidos com nossos avós. Nós amamos a floresta e a defendemos. Nossa luta para defender a floresta causa a ira de poderosos interesses que desejam o desmatamento para a grande criação de gado que cresce no recôncavo. Estamos decepcionados com a falta de dignidade do jornalista que expôs seu nome numa reportagem fraudulenta, pois as imagens do desmatamento de madeira apresentado na reportagem não foi filmada em nossa comunidade, sendo que a pessoa flagrada no corte de madeiras não pertence a comunidade de São Francisco do Paraguaçu, confirmando a manipulação dolosa, visto que as falas foram cortadas e editadas com o objetivo de transmitir uma mensagem mentirosa e caluniosa. Perguntamos aos responsáveis pela matéria: Por que não relataram as vultosas multas não pagas ao IBAMA pelos fazendeiros? Por que não mostraram os mangues cercados que inviabilizam a sobrevivência da comunidade?

Desta maneira, os poderosos que nos oprimem preferem partir para a calúnia, fraude e abuso do poder econômico. Tentam assim, dissimular já que sabem da força da verdade e do nosso direito. O Sr. Ivo, que aparece na reportagem, se diz dono da nossa área é um médico com forte influência política na região, à Frente de seus interesses está o seu Genro, conhecido como Lú Cachoeira, filho de um ex-prefeito e eterno candidato a prefeito. Lu Cachoeira tem um cargo de confiança no Governo do Estado como assessor especial na CAR (Coordenação de Ação Regional) e utiliza sua influência política para perseguir a comunidade. Esta família poderosa tem feito várias investidas contra a comunidade utilizando, inclusive, capangas, pistoleiros, ameaçando a comunidade, violentando crianças, perseguindo idosos, inclusive, utilizando de métodos torpes refletidos nas ações violentas de policiais militares não fardados a serviço da família Santana que pode ser comprovado através de relatório da Polícia Federal que já teve diversas vezes na comunidade para nos defender.

Imbuídos do sentimento de justiça não podemos compactuar com atitudes que visam reverter as conquistas democráticas de reconhecimento de direitos da população negra, um verdadeiro afronte aos artigos 215, 216 e o artigo 68 das Disposições Transitórias da Constituição Federal. O povo negro e as comunidades quilombolas cientes de que o caminho de reparação das injustiças raciais é irreversível e que o direito constitucional à propriedade de seus territórios tradicionalmente ocupados é uma conquista da democracia brasileira, não sucumbirá aos interesses poderosos que durante toda história do Brasil promoveu atitudes autoritárias e de desrespeito ao Estado Democrático de Direito.

Lamentamos a covardia daqueles que usam o poder da mídia e do dinheiro para oprimir e perseguir comunidades tradicionais. Já estamos acostumados com esta prática perversa. Nosso povo resistiu até aqui enfrentando o peso da escravidão. FIÉIS A NOSSOS ANCESTRAIS, CONTINUAREMOS FIRMES, DE PÉ, LUTANDO PELA LIBERDADE!

Pela vergonhosa manipulação dos fatos e depoimentos, QUEREMOS DIREITO DE RESPOSTA E QUE O INCRA E A FUNDAÇÃO CULTURAL PALMARES SE PRONUNCIEM.

RECONHECIMENTO É GARANTIDO POR LEI

As representações negras e quilombolas da Bahia já esperavam por um manifesto mais intenso e direto por parte dos latifundiários da região, por isso começaram, antes mesmo de a reportagem ser veiculada pela Rede Globo, a se articular para rebater possíveis e intensos ataques. Intimidações já acontecem na região do Recôncavo há muito tempo e se acirraram após a emissão da certidão de auto-reconhecimento pela Palmares e com a entrada mais efetiva do Incra no processo de regulamentação e titulação da área.

O secretário de Promoção da Igualdade do Estado da Bahia, Luiz Alberto, se pronunciou em favor de uma intensa mobilização social. Para isso, está empenhado em promover a reunião da próxima segunda-feira a fim de garantir a realização de um conjunto de ações para dar visibilidade a luta pela defesa da terra dos remanescentes dos quilombos. Luiz Alberto garante que não só a comunidade negra foi atingida com o conteúdo da reportagem, mas sim todo um processo de articulação que vem sendo feito pelo governo em favor do direito agrário aos quilombolas.

A procuradora federal da Fundação Cultural Palmares/MinC, Ana Maria Lima de Oliveira, considerou “leviana” as informações e a condução da reportagem veiculada pela Rede Globo. Segundo a procuradora, que acompanha de perto o processo de certificação e está presente nos trâmites de titulação da área junto com o Incra, toda a ação de certificação da área, feita pela Fundação Palmares, segue o Decreto 4887 e também a Convenção 69 da Organização Internacional do Trabalho, cujo documento garante a auto-declaração de uma comunidade como meio para qualificar e garantir a sua proteção e existência. “Não cabe ao governo dizer quem é ou não quilombola. O governo tem por dever constitucional emitir a certidão de auto-reconhecimento e o Incra abre então o processo para titular a terra. Não conheço e nunca vi nenhum tipo de equívoco nesta ação, ainda mais um caso de uma comunidade quilombola vir à público e dizer que não é quilombola após ter recebido uma certidão”, diz. Ana Maria Oliveira esteve por duas vezes em São Francisco do Paraguaçu e disse inclusive conhecer alguns dos entrevistados da reportagem. Conforme ela, houve sim indução na formulação das perguntas. A procuradora promete ir até o Congresso Nacional para defender os quilombolas. “O que grupos políticos estão querendo é sim desqualificar a ação do governo,em especial do Governo Lula, em dar terras aos quilombolas. O Decreto 4.887 veio em favor da população negra e vem corrigir os 119 anos de atraso em reconhecer o direito à terra para os descendentes de escravos”, conclui.

Emilson de Castro, da Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de Salvador também considerou a divulgação da reportagem uma produção tendenciosa e realizada em parceria com os interesses dos latifundiários. A Comissão é uma das instituições que assina nota oficial divulgada pelo Conselho Pastoral dos Pescadores da Bahia. A entidade já encaminhou ofícios a associações de sociólogos e historiadores para questionar a atuação de profissionais da área que deram declarações contrárias a existência da área quilombola em São Francisco do Paraguaçu. “Ninguém questiona mais a existência ou não de quilombos porque os remanescentes já ocupavam as áreas antes mesmo de os proprietários das áreas ocuparem as terras, avalia o dirigente que também estará presente a uma reunião marcada para a próxima segunda-feira (21) entre o governo do Estado da Bahia, governo federal e lideranças quilombolas.

ENCONTRO DEFINE AÇÕES PARA REBATER ATAQUE A PROCESSO DE RECONHECIMENTO DE QUILOMBO NA BAHIA

Representantes dos governos federal, estadual, movimento negro, quilombola e outros grupos não-governamentais civis do Estado da Bahia se reúnem na próxima segunda-feira (21) em Salvador para discutir ações de apoio e de esclarecimento à sociedade sobre os processos de reconhecimento de áreas remanescentes de quilombos. O estopim para a mobilização foi dado na última segunda-feira (14), quando a Rede Globo de Televisão veiculou reportagem produzida pela TV Bahia (sua afiliada) denunciando a existência de uma possível fraude no processo de certificação da Comunidade Remanescente de Quilombo de São Francisco do Paraguaçu, no Recôncavo Baiano. A divulgação da reportagem causou indignação em vários setores da sociedade baiana, principalmente no Movimento Negro, o qual promete ampla defesa da população quilombola.

O caso:

Veiculada na edição de 14 de maio último, reportagem do Jornal Nacional, da Rede Globo de Televisão, apontou que houve suspeita de fraude no processo de reconhecimento da comunidade de São Francisco do Paraguaçu, no Recôncavo Baiano. A comunidade foi reconhecida por certificação emitida pela Fundação Cultural Palmares/MinC e a área de 5 mil hectares é alvo de uma intensa disputa por famílias de fazendeiros que ficam sob a área.

Entre estas famíilas está a do fazendeiro Ivo Santana, que possui propriedade no local. A mesma reportagem indicou que para obter o laudo, um grupo de moradores da comunidade se declararam, por meio de uma coleta de assinaturas, descendentes de escravos perseguidos e refugiados. Só que, conforme a matéria, estes mesmos moradores não seriam descendentes de escravos, mas sim pescadores que assinaram o documento na expectativa de receber barcos e materiais para pesca.

A certidão foi emitida pela Fundação Cultural Palmares e o presidente à época, historiador Ubiratan Castro de Araújo, declarou ao repórter José Raimundo, da TV Bahia, que emitiu o documento após receber da comunidade o abaixo assinado com documentos assinados, inclusive com impressão digital. A Comunidade de São Francisco do Paraguaçu já recebeu a certidão e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) está trabalhando no processo de titulação da área.

ENCONTRO DE GALERAS, SÁBADO, NO RIO DE JANEIRO

Se você está procurando um espaço para expor suas idéias e ainda curtir uma tarde com diversas atividades culturais, participe do V Encontro de Galeras. Desta vez, o evento acontece no sábado, 19, no Sesc (Serviço Social do Comércio) de Ramos, Zona Norte. O tema em debate será Quando o Estado é o Opressor. A proposta é fazer uma análise da educação e segurança pública nas comunidades populares.

Organizado pelo Fórum de Juventudes do Rio de Janeiro, o tema foi sugerido por jovens do Complexo do Alemão. O encontro terá ainda apresentações culturais com Bonde dos Aventureiros, Clube de Adolescentes da Comunidade do Adeus e muito hip-hop com o Grupo Raízes em Movimento.

O evento começa às 13h30 e o Sesc de Ramos fica na Rua Teixeira Franco, 38. Mais informações pelo telefone (21) 3852-0080, com Fransérgio.

RACISMO INSTITUCIONAL É DISCUTIDO EM BRASÍLIA

Acontece no próximo dia 24 de Maio, no Palácio do Itamaraty em Brasília a partir das 9h, o Seminário “Programa de Combate ao Racismo Institucional: uma experiência exitosa de cooperação internacional”. O evento tem como objetivo apresentar o PCRI como uma boa prática de cooperação, disseminar os resultados alcançados e, para, além disso, apresentar aos Governos Federal, Estadual e Municipal, o desafio do combate ao racismo e da promoção do desenvolvimento com equidade.

Já estão confirmadas as presenças, da Ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, do Embaixador Luiz Henrique Pereira da Fonseca, Diretor da ABC/MRE, da senhora Miranda Munro, diretora do escritório Brasil do Ministério do Governo Britânico para o Desenvolvimento Internacional, entre gestores das três esferas de governo, operadores do direito, pesquisadores e representantes sociedade civil de várias regiões do país.

O Programa de Combate ao Racismo Institucional/PCRI parte do pressuposto de que, para a construção de uma sociedade democrática, é fundamental reconhecer o racismo como um dos fatores determinantes das desigualdades e da exclusão social, da concentração de renda e da manutenção da pobreza.

Monday, May 14, 2007

ARTIGO: A FARSA DO 13 DE MAIO E O LEGADO DA ESCRAVIDÃO NEGRA

A farsa do 13 de maio e o legado da escravidão negra

(*) Ismar C. de Souza

Sucessora da senzala, a favela é onde se acumulam hoje os marginalizados pelo sistema, uma reserva de mão-de-obra à disposição do sistema de exploração perpetuado no Brasil. É aí que se toca na origem da (repressão) polícia brasileira, criada para manter essa população sob controle. No período colonial, era feito o controle social dos escravos. Agora, é o controle dos favelados, os excluídos que perambulam pela maioria das regiões metropolitanas brasileiras.

O Brasil, historicamente, tem utilizado o recurso desumano da tortura contra a sua população mais humilde e também contra os brasileiros que ousam desafiar o poder constituído.
Ontem, eram os grandes escravistas, donos de engenhos de açúcar e latifundiários, que recebiam proteção militar da Coroa portuguesa.

Hoje, são os grupos econômicos mais prósperos que contam com os préstimos das polícias estaduais – as quais, ao primeiro sinal de reivindicação trabalhista ou greve operária, montam guarda nas portas das fábricas e empresas públicas e privadas.

Segundo a Anistia Internacional, a tortura continua sendo aplicada contra os presos comuns na maioria das cadeias e presídios brasileiros. Isto precisa ser denunciado sempre, para que não se torne algo tolerado por nossa sociedade, à medida que se trata de criminosos comuns (em sua maioria, cidadãos negros e pobres, moradores da periferia).

A propósito, autores militares difundem o conceito de que o Exército brasileiro é democrático e inter-racial, desde sua origem, na famosa batalha dos Montes Guararapes, em 1654. “O sentimento nativista aflorou na gente brasileira, a partir do século XVII, quando brancos, índios e negros, em Guararapes, expulsaram o invasor estrangeiro. O Exército, sempre integrado por elementos de todos os matizes sociais, nasceu com a própria Nação e, desde então, participa ativamente da história brasileira” ( http://www.exercito.gov.br/01inst/Historia/index.htm ).

Omitem, entretanto, que a coragem demonstrada pelos negros no campo de batalha de nada lhes valeu. No final da batalha, seria uma boa oportunidade de se acabar com a chaga da escravidão - ou, ao menos, proibir o comércio escravocrata em solo nacional, com suas tão conhecidas histórias de sangue e dor. Mas nada foi feito e o sofrimento continuou para os escravos e seus descendentes. A escravidão só foi abolida oficialmente pela monarquia brasileira 66 anos depois da proclamação da independência do Brasil.

Vale, ainda, ressaltar que a escravidão no Brasil foi marcada por uma aliança sórdida e macabra entre os portugueses colonizadores e tribos negras africanas, rivais entre si, que entregavam aos traficantes de escravos seus próprios semelhantes feitos prisioneiros nas guerras tribais, em troca de produtos como o fumo e a cachaça. É uma das formas de comércio mais espúrias de que se tem notícia na história da humanidade.

A favela é a nova Senzala

Sucessora da senzala, a favela é onde se acumulam hoje os marginalizados pelo sistema, uma reserva de mão-de-obra à disposição do sistema de exploração perpetuado no Brasil. É aí que se toca na origem da (repressão) polícia brasileira, criada para manter essa população sob controle.
No período colonial, era feito o controle social dos escravos. Agora, é o controle dos favelados, os excluídos que perambulam pela maioria das regiões metropolitanas brasileiras.

A abolição da escravatura em 1888 apenas beneficiou o senhor escravocrata, falido, que acabou poupando recursos ao empregar a mão-de-obra imigrante que aportava em nosso país (uma alternativa vantajosa à manutenção das senzalas). Ao libertar seus escravos, livrou-se de um fardo dispendioso, pois custava caro mantê-los, vigiá-los e, quando fugiam, pagar aos capitães-do-mato que saíam em seu encalço.

A História se repete hoje, com a chamada flexibilização das leis trabalhistas – principalmente a terceirização da mão-de-obra, que reduz os custos de produção ao eximir o patronato das contribuições para a seguridade social. Trata-se de mais uma forma de sonegação, visando à maximização dos lucros.

Quanto aos terceirizados, ao serem liberados dos vínculos empregatícios, passaram à insegurança total, não tendo mais nenhuma garantia de contar com o necessário para a subsistência se perderem a ocupação atual.

O paralelo com a libertação dos escravos é óbvio. Pode-se dizer que, em 13 de maio de 1888, foram lançadas as bases da favelização e da perpetuação da miséria social e cultural a que foi condenada a maioria dos descendentes da raça negra e grande parte dos cidadãos de origem humilde.

Este processo perverso se verificou tanto aqui quanto nos demais países do mundo onde existiu o regime escravista.

Que este 13 de maio de 2007 sirva para uma reflexão profunda de todos que abraçam a causa da justiça social.

E que no vindouro 20 de novembro – data já aceita pela maioria da comunidade afrodescendente como o Dia da Consciência Negra – fiquemos cada vez mais conscientes da verdadeira História.

Começando pelos motivos da luta e morte do herói negro Zumbi dos Palmares, comandante do famoso quilombo que, vale ressaltar, jamais foi oficialmente homenageado por qualquer instituição civil ou militar brasileira (quem prestou esse tributo foi um dos grupos de resistência à ditadura militar, a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares).

Espero que possamos comemorar o começo de uma grande corrente solidária, passando finalmente a agir com objetividade contra esta e outras mazelas – não só da comunidade negra, mas de toda gente batalhadora e sofrida deste nosso querido Brasil.

É necessário, importante e imprescindível estarmos atentos, não nos deixando iludir pela propaganda tendenciosa e marginalizante dos velhos/novos donos do poder – principalmente sua facção golpista, que quer fazer nossa sociedade regredir para o autoritarismo. O cerceamento das liberdades democráticas e garantias individuais, longe de ser solução para os males atuais, agravaria ainda mais as desigualdades sociais e raciais, perpetuando-as.

Breve resumo sobre escravidão negra no Brasil

· O Slave Trade Act, mais conhecido no Brasil como Bill Aberdeen, foi uma legislação da Grã-Bretanha promulgada em 8 de Agosto de 1845, que proibia o comércio de escravos entre a África e a América.

· A Lei Eusébio de Queirós foi aprovada em 4 de setembro de 1850, durante o Segundo Reinado, acabando definitivamente com o tráfico negreiro intercontinental. A lei foi aprovada principalmente devido à pressão da Inglaterra, materializada diretamente pela aplicação do Bill Aberdeen. Por essa razão, no Império do Brasil, o Partido Conservador, então no poder, passou a defender, no Parlamento, o fim do tráfico negreiro.

· No ano de 1854 era aprovada a Lei Nabuco de Araújo (Ministro da Justiça de 1853 a 1857) que previa sanções para as autoridades que encobrissem o contrabando de escravos. Os últimos desembarques de que se tem notícia aconteceram em 1856.

· O Partido Liberal comprometeu-se publicamente com a causa, mas foi o gabinete do Visconde do Rio Branco, do Partido Conservador, que promulgou a primeira lei abolicionista, a Lei do Ventre Livre, em 28 de setembro de 1871 de poucos efeitos práticos imediatos, deu liberdade aos filhos de escravos nascidos a partir dessa data, mas os manteve sob a tutela dos seus senhores até atingirem a idade de 21 anos.

· O país foi tomado pela causa abolicionista e, em 1884, o Ceará decretou o fim da escravidão em seu território.

· A partir de 1887, os abolicionistas passam a atuar no campo, muitas vezes ajudando fugas em massa, fazendo com que por vezes os fazendeiros fossem obrigados a contratar seus antigos escravos em regime assalariado. Em 1887, diversas cidades libertam os escravos; a alforria era normalmente condicionada à prestação de serviços (que, em alguns casos, implicava na servidão a outros membros da família).

· A decisão do Ceará aumentou a pressão da opinião pública sobre as autoridades imperiais. Em 1885, o governo cedeu mais um pouco e promulgou a Lei Saraiva-Cotegipe. Ficou conhecida como a Lei dos Sexagenários, que libertou os escravos com mais de 60 anos, mediante compensações financeiras aos seus proprietários. Os escravos que estavam com idade entre 60 e 65 anos deveriam "prestar serviços por 3 anos aos seus senhores e após os 65 anos de idade seriam libertos».

· Em 13 de Maio de 1888, o governo imperial rendeu-se às pressões e a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, que extinguiu a escravidão no Brasil.

Ismar C. de Souza é analista de suporte e pesquisador autodidata de história do Brasil. E-mail:ismarsouza@hotmail.com

FUNDO DE IGUALDADE RACIAL VOLTA A TRAMITAR NA CÂMARA

A proposta de emenda à Constituição (PEC n.º 536/06), que institui o Fundo de Promoção da Igualdade Racial voltou a tramitar na Câmara. A PEC foi desarquivada pela Mesa Diretora da Casa.Nesta semana a deputada Janete Pietá (PT-SP), coordenadora do Núcleo de Parlamentares Negros do PT (Nupan), apresentou requerimento à Mesa Diretora solicitando o desarquivamento da proposta.

O Fundo de Promoção da Igualdade Racial prevê recursos para aplicação em políticas públicas que busquem corrigir as desigualdades que afetam a comunidade afrodescendente do Brasil.

Fonte: Informe PT 11/5/07

UMA HISTÓRIA AFIRMATIVA

Reconheço que ao ler este belo texto de Maria Helena Vargas da Silveira, e que estará impresso em seu mais novo trabalho, ROTA EXISTENCIAL, vi uma parte de minha própria história sendo representada ali. Uma história de vida, de luta e de orgulho por sua negritude. Como jornalista e também como alguém que está passando por aqui para contar uma história, quero dividir com vocês a leitura deste belíssimo texto, o qual conta um pouco da trajetória de Antônio Vasconcellos Marques, gente que fez, gente que deixa saudade....
OBITUÁRIO AFIRMATIVO

Nossa coluna que tem protagonistas em todos os dias que Deus faz amanhecer, informa e lamenta o falecimento de Antônio Vasconcelos Marques, aos 81 anos. Natural de Rio Grande, não era simplesmente mais um riograndino, mas a representação de muitos ideais de negros e negras da cidade que amava

Torna-se, o velho companheiro, um sopro de energia espiritual e nos deixa muitas lembranças que nos cabem perpetuar.

Órfão, ainda menino, conheceu a trajetória da vida, convivendo com alheios que lhe impulsionaram as ações voltadas para o trabalho, a honestidade e a crença nas suas e nas possibilidades dos outros, principalmente da população negra riograndina.

Movimentando paralelepípedos, iniciou a trabalhar, calçando várias ruas de Rio Grande por onde a sociedade passava indiferente, enquanto ele se fazia adulto e guerreiro, pensante, progressista.

Do calçamento das ruas passou a novos encargos, sempre idealista e acreditando que é possível construir um futuro melhor, investindo nas oportunidades, ainda que raras, de estudo e trabalho.

Carregou muito couro nas costas, no Frigorífico Swifft e depois envolveu-se com as atividades no Correio e na Inspeção da Alfândega, no porto marítimo de Rio Grande.

Em sua trajetória de negro trabalhador tinha a idéia fixa de realizar ações para o desenvolvimento dos negros e negras de sua cidade e arredores. Pensava muito sobre isso, pois achava que os negros estavam sem referenciais que os valorizassem, sem estima própria. E a começar por ele mesmo, para que pudesse se tornar um exemplo vivo e presente, lançou-se aos estudos e conseguiu ingressar na Faculdade de Direito que funcionava em Pelotas.

Durante quatro anos, andou no trem das cinco da manhã, de Rio Grande para Pelotas, até formar-se advogado, aos 56 anos. O dia da missa de suas Bodas de Prata com a Senhora Ivanoska Corrêa Marques, coincidiu com a data de sua formatura, proporcionando-lhe dupla felicidade.

Exerceu advocacia na Assistência Judiciária, onde atendia as pessoas desprotegidas, sem condições de pagar por qualquer serviço. Seu primeiro júri foi no município gaúcho de São José do Norte.
Depois de muitas causas atendidas e vitoriosas costumava receber “propinas vivas”, algumas galinhas carijós, dos galinheiros da agradecida e pobre clientela.

Na época, década de 50, existiam apenas 03 advogados negros, em Rio Grande.

Antônio Vasconcelos Marques foi professor voluntário, durante 10 anos, na Escola Marcílio Dias, onde atendia a maioria negra para alfabetizar. Fazia parte dos Bandeirantes da Alfabetização, juntamente com amigos que se dedicavam à causa.

Incentivava os estudos dos negros e negras, pois acreditava que estes possuíam condições intelectuais iguais aos não negros. Nas décadas de 50 e 60, quando chegava ao final de ano, fazia uma pesquisa nas escolas de Rio Grande e cidades do Rio grande do Sul, como Pelotas, Bagé, Jaguarão, Santa Maria e capital Porto Alegre, para saber quantos negros e negras estavam terminando cursos. Conseguia o endereço de todos e todas e organizava uma festa chamada Baile dos Formandos, no Clube Cultural Estrela do Oriente, onde os formandos e formandas recebiam homenagens nos discursos promovidos durante o evento e um diploma de honra ao mérito.

É possível que muitos doutores, mestres, licenciados, bacharéis, técnicos de várias áreas de Escolas Técnicas gaúchas, ao lerem este obituário irão voltar as lembranças para o Baile dos Formandos, uma festa de auto-estima de que tenham participado, promovida por Antônio Vasconcelos Marques.

Antônio foi presidente e fundador da Sociedade Cultural Estrela do Oriente que desenvolvia suas atividades na Rua Vice-Almirante Abreu.

Em sua cidade, participava ativamente da vida social e cultural da negritude, organizando festas, promovendo palestras. Freqüentava também a Sociedade Floresta Aurora Riograndina e outras expressivas entidades sociais como “Braço é Braço” e “Recreio Operário”.

Entusiasmado com o futebol, fundou e presidiu o Fortaleza Futebol Clube, com sede na rua Francisco Marques.

Referia-se com muito respeito ao Cedro, um bairro que, com o advento do Porto Novo de Rio Grande, foi sendo formado por muita gente vinda do interior do Rio Grande do Sul, com grande quantidade de famílias negras.

Antônio Vasconcelos Marques, viúvo há poucos meses antes da partida, deixa entre nós a filha Franquilina Maria Corrêa Marques Cardoso, os filhos Antonio Carlos Corrêa Marques e Angelo Albertino Corrêa Marques

Representou uma bandeira de luta pela família, pela auto-estima da população negra e pela crença de que todos e todas precisam de oportunidades iguais, para desenvolvimento de seus talentos.

A quem não estava acostumado a ler um obituário assim tão extenso, exponho minhas considerações de que, sendo este um jornal da negritude; e eu, a dona do editorial, uma negra pobre que não esquece das origens, há de convir que precisam ser destacadas as ações afirmativas dos cidadãos negros que outros jornais não o fazem, nem em vida... muito menos, na morte.

Antônio Vasconcelos Marques, descanse em paz, amém!


Nasceu em 5-09-1907
Faleceu em 22-04-1988

ROTA EXISTENCIAL VEM AÍ...

ROTA EXISTENCIAL é o mais novo livro da escritora Maria Helena Vargas da Silveira. A obra promete marcar seus 20 anos de literatura com um apanhado de contos e outras histórias sobre negritude, educação e vida. O livro deverá ir para o prelo no mês que vem, se tudo der certo, se DEUS quiser.

Com certeza, Maria Helena vai nos brindar com mais histórias que mostram a sua, a minha e a nossa vida. Porque Maria Helena fala de gente e para gente. De vidas em movimento, de real, de concreto.

É imperdível, vale a pena ler.

COM A MÃO NO VESPEIRO...

E o assunto RACISMO sempre ganha muita repercussão, não é mesmo. Pois é, após ter produzido uma matéria sobre o Racismo em Santa Catarina, colocando como case a ação da Caravana Anti-Racismo, que percorre o estado denunciando episódios de discriminação, postei um chamamento para os catarinenses lerem a matéria em uma comunidade do Orkut.

Para minha surpresa, o caso ganhou polêmica e o buxixo foi grande. Sobrou até ofensas para este que vos escreve.

É verdade, mexer com RACISMO é estar com a mão no vespeiro. Ninguém quer assumir o seu lado racista. Ou melhor, para parecermos todos bons moços, politicamente corretos, escondemos sim a nossa discriminação.

Se dá publicidade a declarações onde dizem que se pode tolerar o racismo de negros contra brancos. E o contrário? Não existe???

Vamos pensar, porque a nossa mão vai continuar dentro do vespeiro.

EM ENTREVISTA, ZULU AMPLIA DEBATE SOBRE A EXCLUSÃO DA POPULAÇÃO NEGRA

Em duas entrevistas, concedidas na manhã desta segunda (14/5) o presidente da Fundação Cultural Palmares/MinC, Zulu Araújo, ressaltou que o dia 13 de maio, data em que se ressalta a Abolição da Escravatura (1888), o negro brasileiro não está liberto de fato da exclusão social.

Pelo contrário, é a população negra a maior vítima da exclusão no mercado de trabalho, na saúde e na educação.

Mas para reverter este quadro, Zulu também salientou importantes conquistas que a comunidade negra vem obtendo nos últimos meses. Vale ressaltar dois programas: o ProUni e também os programas de cotas para o ingresso de negros na universidade pública.

Já são mais de 30 as instituições universitárias que adotam o Sistema de Cotas no país.

ZULU ARAÚJO RECEBE MEDALHA DO MÉRITO CÍVICO BRASILEIRO

O presidente da Fundação Cultural Palmares/MinC, Zulu Araújo, e outros líderes do Movimento Negro brasileiro foram agraciados, nesta segunda-feira (14) com a Medalha do Mérito Cívico Afro-brasileiro. A solenidade ocorreu na sede da Universidade Zumbi dos Palmares (Unipalmares) na capital paulista. Criada pela Afrobras, compõe-se de uma esfera circular, tendo em relevo a efígie de Zumbi dos Palmares, sob o fundo do mapa da rota dos escravos. A medalha tem como finalidade agraciar pessoas físicas e/ou jurídicas que tenham contribuído direta ou indiretamente com os valores do respeito à diferença, tolerância e igualdade de oportunidades, contribuindo para a elevação moral, social e inserção sócioeconômica, cultural e educacional dos negros paulistas e brasileiros. A entrega sempre é feita por uma comissão especial formada pelos comendadores grã cruzes, o mais elevado grau aos novos condecorados.

DECISÃO SOBRE FUTURO DO FLORESTA AURORA VAI PARA A COMUNIDADE PORTOALEGRENSE

Informes Sátira Machado: www.satirajornalista.blogspot.com

Audiência Pública no Plenarinho da Assembléia Legislativa do RS , realizada no último dia 10 de maio ampliou o debate sobre as ações judiciais movidas pelo Condomínio Pedra Redonda que vêm impedindo as manifestações culturais promovidas pela Sociedade Beneficente Cultural Floresta Aurora, primeiro Clube Social Negro fundado no país (1872).

O Secretário Geral do Floresta Aurora, Claudiomar Carrasco Martins, encaminhou a denúncia do clube ao Presidente Lula salientando que "a liberdade da Sociedade está em cerceamento, no ano de seu 135º aniversário", motivando a Audiência Pública, que ocorreu no dia 10 de maio, às vésperas do 13 de maio – Dia da Abolição não Conclusa, conforme declaração do Senador Paulo Paim.

Na audiência, o defensor do Floresta Aurora, Dr. Luís Alberto da Silva relatou, com base nos autos, o processo de autoria do Condomínio Horizontal Pedra Redonda para apreciação da plenária, ressaltando que não lhe foi permitido o acesso ao Processo Administrativo tramitado na Prefeitura de Porto Alegre.

Conforme o Dr. Luís Alberto, a sentença da Juíza de 1º Grau, Elizabeth Gonçalves Tavaniello, confirmada em 2ºGrau, cujo Relator foi o Desembargador André Luiz Planella Villarinho é uma ameaça ao patrimônio material e imaterial do Floresta Aurora, pondo em risco a preservação da cultura negra no Estado do Rio Grande do Sul, além de se tratar de uma forma de racismo subjetivo, uma vez que vários outros clubes têm sede nas redondezas, como a Sociedade de Engenheira do Rio Grande do Sul (SERGS), a Associação dos Funcionário da Caxia Federal, a Associação Atlética Banco do Brasil (AABB), entre outros.

ENCAMINHAMENTOS

1) No dia 14 de maio (segunda-feira), a denúncia sobre o caso do Floresta Aurora deve ser encaminhada à Tribuna da Câmara Municipal de Porto Alegre; no dia 16 de maio (quarta-feira), às 14 horas, a abertura da Tribuna Popular deverá debater sobre o tema; o caso também dever ser encaminhado para a Conferência Pública do dia 26 de maio (sábado); e ainda será solicitada uma Audiência Pública para a Comissão de Defesa do Consumidor, Direitos Humanos e Segurança Urbana (CEDECONDH), por sugestão do Vereador Carlos Comassetto.

2) A Smic solicitará ao Sr. Prefeito informações sobre o Processo Administrativo junto à Prefeitura de Porto Alegre; no dia 11 de maio (sexta-feira), a Seppir incluirá o caso do Floresta Aurora na pauta da reunião com o Prefeito José Fogaça, por sugestão da militante Sra. Oscarina; no dia 14 de maio (segunda-feira) o tema deve estar na pauta do Orçamento Participativo (Temática de Cultura – AL – Auditório Dante Barone) e ser incluído nos debates sobre o Plano Diretor de Porto Alegre, por sugestão do Conselheiro Dilmair Santos;

3) Através do Conselho Tutelar do município, deve ser encaminhado o pedido de acesso às filmagens de crianças, realizadas pelo condomínio, com vistas à Ação Pública, por sugestão da militante Pérola. As declarações do Dr. Gustavo dos Santos, representante do Condomínio Horizontal Pedra Redonda, devem ser incluídas nos autos do processo; o caso da Sociedade Floresta Aurora deve ser encaminhado ao Ministério Público, aos Conselhos de Justiça e às Cortes Internacionais, por sugestão do Dr. Onir Araújo, do Movimento Negro Unificado do Rio Grande do Sul(MNU).

4) Junto aos órgãos pertinentes, que sejam agilizados os processos de reconhecimento dos Clubes Sociais Negros como área de interesse cultural e social, conforme reiveidicações propostas, de 24 a 26 de novembro de 2006, no 1º Encontro Nacional de Clubes e Sociedades Negras do Brasil, no Parque Hotel Morotin do município gaúcho de Santa Maria/RS. Em nota oficial encaminhada, a Fundação Palmares reafirma seu apoio à Sociedade Floresta Aurora e a reconhece como Patrimônio Afro-Brasileiro. A Seppir, representada pela conselheira do CNPIR, compromete-se a dar o apoio necessário às ações pertinentes ao caso do Floresta Aurora.

5) Um documento em defesa da Sociedade Beneficente Cultural Floresta Aurora deve ser elaborado, bem como uma Nota Pública. A mídia deve ser acionada para incluir a comunidade em geral no debate sobre as ações judiciais movidas pelo condomínio vizinho à Sociedade Floresta Aurora. Por sugestão do jornalista Kenny Braga, a Associação Riograndense de Imprensa deve propiciar a realização de uma Entrevista Coletiva, preferencialmente na sede da Sociedade Floresta Aurora, para incluir a opinião pública no caso.

6) O Senador Paulo Paim sugere que o tema seja debatido nas esferas municipais, estaduais e nacional, principalmente em todos os eventos do Movimento Negro do país, inclusive no evento Pró-Cotas na UFRGS, no dia 18 de maio (sexta-feira), na Esquina Democrática de Porto Alegre (Borges com Andradas), por sugestão da juventude negra gaúcha. Também, o Senador Paulo Paim sugere o encaminhamento de recursos públicos federais, via Prefeitura de Porto Alegre, para promover a preservação da cultura da comunidade negra porto-alegrense.

Wednesday, May 09, 2007

RACISMO PRA LÁ E PRA CÁ...

A pesquisa divulgada pela Palmares no Fórum Nacional de TV´S Públicas aqui em Brasília revela uma realidade de exclusão em tres redes públicas de televisão. Mas a exclusão não é somente nas grandes redes. Um levantamento feito pelo presidente do IRDEB, responsável pela TVE da Bahia comprovou que não há negros em postos de apresentação e reportagem de programas jornalísticos. Pola Ribeiro declarou que o racismo também existe na tevê pública e apóia a iniciativa da Palmares em divulgar a face do racismo também nos meios de comunicação.

NA BAHIA, SEPROMI TRABALHA PARA TODOS OS NEGROS

Na pauta de trabalho da primeira secretaria de Promoção da Igualdade Racial implantada no país, a SEPROMI da Bahia, o secretário Luiz Alberto tem uma extensa agenda de ações e atividades.

Em matéria veiculada no Portal Palmares (www.palmares.gov.br) Luiz Alberto dá uma extensa entrevista sobre a sua atuação a frente da SEPROMI, a qual atenderá com políticas públicas as mulheres negras, jovens, quilombolas e povo de santo. Vale a pena conferir a matéria e ver que na nossa Roma Negra o trabalho em prol da igualdade será árduo.

POR FALAR EM PAULO PAIM...

O senador Paulo Paim (PT-RS) aplaudiu da tribuna a instalação do Parlamento do Mercosul, nesta segunda-feira (7), e pediu ao Congresso que vote projeto de sua autoria que cria uma Universidade do bloco e institui sua sede no Rio Grande do Sul. A proposta (PLS 17/07) tramita na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado.

No entanto, Paim admite que, se os países-membros do Mercosul chegarem a um acordo, ela poderá ser uma criação conjunta, por iniciativa de seus governos. Para o senador, a Universidade será fundamental para o processo de integração das populações da região.

FLORESTA AURORA É TEMA DE AUDIÊNCIA EM PORTO ALEGRE

Acontece nesta quarta-feira (10), às 14h30min, na Assembléia Legislativa do RS, em Porto Alegre, audiência pública sobre a importância da Sociedade Floresta Aurora para a comunidade negra gaúcha e brasileira.

Estarão presentes o Senador Paulo Paim , representantes da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), da Fundação Palmares do Ministério da Cultura, autoridades governamentais do Estado, conselheiros da Igualdade Racial, ONGs e a sociedade civil.

Só para lembrar, o Floresta Aurora é a sociedade negra mais antiga do Brasil.

FINAL QUASE FELIZ

Só para dar um retorno, foi encontrado na última sexta-feira Paulo Virgílio Cardoso, de 61 anos. Após ficar quase uma semana desaparecido, Paulo Virgílio foi localizado no Hospital de Cachoeirinha, na Grande Porto Alegre. Conforme os médicos, ele foi recolhido caído em via pública. Levado ao hospital foi constatado que o mesmo sofreu um enfarte, isso no dia primeiro de maio. Após ficar internado em Cachoeirinha, ele foi removido para o Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre. Ele se encontra internado na Unidade de Terapia Intensiva do hospital e seu quadro merece total atenção.

Desejamos plena recuperação e agradecemos a Deus por seu retorno. Vamos elevar nossas orações por sua melhora.

BONS FRUTOS

A repercussão positiva pela divulgação da pesquisa foi bastante favorável para a Fundação Cultural Palmares, a qual promoveu o estudo.

Para o presidente da Palmares, Zulu Araújo, a divulgação da pesquisa valeu para chamar a atenção dos cerca de 500 participantes do fórum, realizado até sexta (11) em Brasília.

Mobilizar a sociedade para esta discussão é sim promover, garante Zulu, uma nova construção para a tevê pública brasileira.

E os resultados já foram bastante proveitosos. Agendas já foram acordadas com a Radiobrás, TV Cultura e com certeza irá chamar a atenção de outras emissoras para a inclusão do negro e da cultura afro em sua programação.

PESQUISA SOBRE RACISMO NA TV REPERCUTE NO FÓRUM NACIONAL DE TVS PÚBLICAS

Apresentada durante painel sobre Programação e Modelos de Negócio, no Primeiro Fórum Nacional de TV´s Públicas, a Pesquisa Onde Está o Negro na TV Pública, realizada pela Fundação Cultural Palmares/MinC chamou a atenção dos participantes para a invisibilidade do negro na TV pública brasileira. Em sua intervenção, o cineasta e consultor da Fundação Cultural Palmares, Joel Zito Araújo, destacou que o novo modelo de TV a ser gestado deve garantir a inclusão do negro e do índio em sua programação, bem como no corpo de apresentadores e jornalistas.

Os números levantados pela pesquisa da FCP comprovaram que após analisar a programação de três emissoras públicas de TV (TV Cultura, de São Paulo, Rede Brasil, do Rio de Janeiro e TV Nacional/Radiobras, de Brasília) durante o período de 8 a 15 de abril deste ano, 0,9% da programação exibida pelas emissoras foram dirigidos à cultura afro-brasileira. O mesmo estudo aponta que menos de 10% dos apresentadores destes canais são negros e 5,5% dos jornalistas que atuam nas TVs públicas são de origem afro-descendente. "Dados que confirmam o racismo e a exclusão da população negra e índia da programação televisiva nacional", indica o consultor.

Joel Zito Araújo também chamou atenção para a necessidade de se vencer o racismo na mídia como um desafio para construir uma televisão democrática e com diversidade racial. "Se não houver por parte daqueles que financiam o interesse em promover a difusão da cultura negra e indígena na televisão, a tendência é continuarmos vendo uma televisão pública feita pela classe média branca para este mesmo grupo", salientou Joel Zito, bastante aplaudido pelas dezenas de participantes que acompanham as plenárias em Brasília.

Exclusão também na América Latina

Respondendo as observações apontadas por Joel Zito Araújo, o secretário do Audiovisual do Ministério da Cultura, Orlando Senna, disse que a missão de promover a igualdade racial na programação das tevês públicas não é somente um dever de seus dirigentes, mas uma obrigação por parte de todo o cidadão esclarecido. Senna cita que o racismo não é só presente na sociedade brasileira, mas também é cotidiano nos países latinoamericanos. Como exemplo, citou a sua participação nas reuniões de composição de programação da TV SUR, emissora de tevê do sistema Radiobras que integra o Brasil e os países latinos a partir de Brasília. "Digo que 98% da equipe que trabalhou na implantação da tevê era branca. Vimos apenas três negros e nenhum índio. Temos que ter coragem para resolver e solucionar a invisibilidade do negro na TV pública e na sociedade", conclamou o secretário.

Beth Carmona, presidente da TVE Brasil e relatora do painel sobre Programação e Modelos de Negócio disse que já há um esforço por parte das emissoras públicas em reverter este quadro de exclusão do negro. "Há um esforço das emissoras para garantir a inclusão de profissionais negros em suas equipes de trabalho", explicou, lembrando que o tema merece uma maior discussão.

Negros e índios fora da programação

O apoio a pesquisa também veio de inúmeros participantes. O diretor do Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia (IRDEB), Pola Ribeiro constata que o racismo é presente no cotidiano da programação das tevês públicas. Segundo ele, esta situação também é bastante presente na programação da tv pública na Bahia, estado conhecido pela predominância negra em sua população. Pola conta que em recente levantamento feito junto aos quadros funcionais da TV Educativa da Bahia (ligada ao IRDEB) foi constatada a não-existência de negros nas áreas de produção, reportagem e apresentação de programas jornalísticos. A partir deste levantamento, o diretor do IRDEB indica que a instituição está começando a implantar uma nova análise e construção de sua programação, pautando a cultura afro e indígena em suas produções. "Este desafio é realmente nosso, porque temos o dever de construir uma sociedade plural", defendeu Pola Ribeiro.

O RACISMO EXISTE SIM NAS TEVÊS PÚBLICAS BRASILEIRAS

A programação atual das TV´s públicas brasileiras expressa um baixo perfil de reflexão sobre o pluralismo cultural brasileiro. Ao analisar a programação da TV pública brasileira, a Fundação Cultural Palmares/Ministério da Cultura, constata que 86% dos apresentadores das emissoras estatais são brancos e 93,3% dos jornalistas são também de origem européia. Estes e outros dados sobre o racismo na televisão e a invisibilidade do negro nas emissoras públicas compõem a Pesquisa "Onde Está o Negro na TV Pública ", a ser apresentada nesta terça-feira (9) no Fórum Nacional de TV´s Públicas, em Brasília.

A apresentação será realizada através de uma mesa redonda, a partir das 9h, no Hotel Nacional, onde acontece a plenária. Estarão presentes o autor da pesquisa, cineasta Joel Zito Araújo, o diretor da Fundação Cultural Palmares, Antônio Pompêo e o presidente da instituição pública federal, Zulu Araújo.

Para Joel Zito Araújo, autor da pesquisa, os números apresentados confirmam o reflexo da ausência de políticas públicas para assegurar o direito democrático dos negros ocuparem postos de atuação junto as emissoras de TV públicas em todo o país. As emissoras pesquisadas foram a TV Cultura de São Paulo, Rede Brasil, do Rio de Janeiro e TV Nacional, de Brasília.

Friday, May 04, 2007

ANTÔNIO VASCONCELLOS MARQUES: CENTENÁRIO COMEMORADO EM 2007

Em setembro próximo, serão realizadas as comemorações pelo centenário de vida de ANTÔNIO VASCONCELLOS MARQUES. Advogado, professor e ex-presidente da Sociedade Recreativa e Cultural Estrela do Oriente, da cidade de Rio Grande, RS, ANTÔNIO VASCONCELLOS MARQUES completaria no próximo dia 5 de setembro, 100 anos de vida. Falecido em 1988, deixou um importante legado cultural e também de militância em favor da comunidade negra riograndina.

Uma série de eventos serão realizados em Porto Alegre, onde vive a família, para marcar as comemorações. Em próximas postagens, estarei falando mais a vocês sobre esta importante personalidade negra gaúcha.

DESAPARECIMENTO

Ajude a encontrar

Paulo Virgílio Cardoso, 61 anos, residente no Bairro São João, na Zona Norte da Capital, está desaparecido desde o dia 29 de abril. Informações: (51) 9957-9892 ou 9879-7807.

Particularmente pedimos para qualquer pessoa que o tenha localizado ou visto, em Porto Alegre, que faça contato com a família. Ele toma medicamentos controlados e precisa de cuidados médicos. Pedimos que, por caridade, se alguém puder ler e passar esta informação, que se solidarize conosco.

Afinal de contas é meu tio, e todos nós estamos muito apreensivos com este desaparecimento. Deus irá ajudar e fazer com ele consiga voltar pra casa.

Com certeza, quero postar um final feliz para esta história.