A CASA DO OSCAR

Tuesday, April 19, 2011

ESTUDANTE VÍTIMA DE RACISMO NO RS RESPONDE A PROMOTORA DE JAGUARÃO EM SUA CHEGADA A BAHIA

Porto Alegre, 13/4/2011 - O ex-aluno da Unipampa, Hélder Santos, que foi perseguido pela brigada militar depois de denunciar os policiais por racismo e agressão, foi recepcionado por dezenas de estudantes da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. Os estudantes pressionaram o reitor para que a reunião com Hélder fosse pública e exigiram a transferência do estudante. O reitor da UFRB Paulo Gabriel Nacif garantiu a vaga de Hélder para o próximo semestre.
No dia anterior a sua chegada na UFRB, Hélder concedeu uma entrevista exclusiva ao Coletivo Catarse, respondendo as acusações publicadas no jornal O Globo onde a Promotora de Jaguarão, Cláudia Pegoraro, afirmou que ele inventou esta história para conseguir a transferência para a Bahia e para ganhar notoriedade na mídia.

LEIA A CARTA NA ÍNTEGRA, ABAIXO:

CARTA ABERTA DOS ALUNOS DA UFRB

É RACISMO SIM, SRA PROMOTORA!

Os fatos sobejamente noticiados na mídia sobre a violência policial contra o jovem Helder Santos, estudante, negro, cabelo rastafari, baiano, estudante de história da UniPampas, no Rio Grande do Sul, É RACISMO SIM! Racismo de Estado, institucional, que busca inverter o ônus da exclusão e da violência, e do próprio racismo imputando-o aos negros e negras deste país o fato de serem violentados em sua dignidade.

A inversão a que o Ministério Público do Rio Grande do Sul não quer ver é o fato de Helder ver-se exilado em sua própria terra, obrigado a retornar à Bahia em razão da violência policial que o caçou como faziam na escravidão os capitães-do-mato sob a mira da ameaça e da intimidação.

O resultado da sindicância realizada pela mesma Brigada Militar a que pertencem os policiais acusados de crime de racismo, é a existência “de crime de natureza militar”, de ameaça, “de abuso autoridade e de “transgressão de disciplina dos mesmos por terem empregado violência física e verbal durante ato de serviço no caso da abordagem policial acima citada”[1]. Assim, não se trata de mero excesso, de “alguém que perde a cabeça e apronta alguma”[2], Sra. Promotora, pois dizer que não foi racismo só por “não existir nessa Promotoria ações judiciais [sobre] práticas racistas” e por existirem “policiais negros que fazem o trabalho muito melhor que os brancos” só manifesta os olhos de uma sociedade que enxerga a violência pelo avesso.

Não é a competência das pessoas que determina seu lugar racial, não é uma questão de ser melhor ou pior. Não se trata de um problema moral, mas racial, político. É como dizer que um homem não é machista só por ter casado com uma mulher. O racismo se camufla de crime contra a honra (injúria racial) apenas para as instituições, que deveriam fazer Justiça, filtrarem as tensões raciais agora amenizadas com políticas inclusivas. O que então, os policiais foram apenas imorais e incompetentes?

Helder, conterrâneo de Lucas da Feira, conhecido militante de movimentos sociais como o Mov. Gay, o Mov. Negro, o Mov. Estudantil tem sua aguerrida trajetória de vida utilizada contra si mesmo, acusado pela Promotoria de usar as ameaças de morte que vem sofrendo a mais de um mês, para se transferir e retornar para a Bahia. É a mesma lógica da inversão. Lembrando o racismo científico de Nina Rodrigues no século XIX, a visão da Promotoria é que nós negros, somos maliciosos e tendemos à infração. Tentando inverter a acusação que recai sobre a corporação militar em relação às palavras racistas dos policiais, seguidas de coronhadas, a Promotoria ignora as cartas em que Helder é ameaçado de morte. Essa instituição, nega-se a aplicação da lei de combate ao Racismo, indo de encontro a sua função social, desta feita atacando a integridade de Helder, acusado-o de aproveitador e esperto, estas sim prática s racistas largamente utilizadas para desqualificar os negros e negras de preguiçosos, vagabundos, bebuns, esvaziando o discurso e desqualificando a arena onde as feridas racistas deveriam ser suturadas. É o Estado do Rio Grande do Sul o responsável pelo retorno de Helder sem diploma. Os Racismos institucional Militar pratica o genocídio físico e impede o desenvolvimento das potencialidades da juventude negra brasileira. Quando não mata, exila a negrada, age na mente e na realidade vivida para não galgarmos oportunidades de empoderamento e lutar pela eliminação do racismo e todas as formas de opressões.

Somos solidários a Helder, pois em nós dói na pele, na alma negra, na carne, no brio dos lutadores e lutadoras que vêem seu legado de lutas achincalhado, e as poucas vitórias do caminho sendo desmoralizadas pelo Estado brasileiro.

Não arredaremos o pé, não cederemos! Nenhum passo atrás contra o Racismo!

NÚCLEO DE NEGRAS E NEGROS ESTUDANTES DA UFRB

ENTIDADES REPUDIAM CASO DE RACISMO EM CAXIAS DO SUL

Caxias do Sul, 19/4/2011 - Uma frase proferida pelo fundador de uma rede de supermercados para a operadora de caixa Queren Pereira de Souza Oliveira, 23 anos, fez entidades em defesa do negro se manifestarem contra o acusado de racismo, Orlando Andreazza, 80. Grávida de sete meses, Queren registrou ocorrência por ser abordada com a seguinte pergunta:

— Você sabe a semelhança entre um Fusca quebrado na esquina e uma negra barriguda?

Uma funcionária teria dito em seguida:

— Você não entendeu? Os dois estão esperando um macaco!

Para o presidente do Conselho Municipal da Comunidade Negra (Comune), Sérgio Ubirajara da Silva Rosa, esse tipo de fato não é isolado, e ainda há muito preconceito em Caxias:

— Uma brincadeira dessas sempre tem um fundo de preconceito. Tanto é verdade que não causou indignação nos demais funcionários, que terminaram rindo de tudo. Eles também não são muito diferentes de quem fez a brincadeira estúpida.

O diretor da União de Negros pela Igualdade (Unegro) em Caxias disse que chega ao seu conhecimento, em média, cinco casos por ano de trabalhadores reclamando de racismo nas empresas.

— É de se responsabilizar a empresa, porque é onde a jovem exercia sua função. O proprietário deveria ser exemplo por estar empregando, mas no íntimo dele a questão racial é forte e ele acabou faltando com respeito _ opina.

Coordenador da Igualdade Racial, órgão da Secretaria de Segurança Pública e Proteção Social, Diógenes Antônio de Oliveira Brazil também lamentou o episódio:

— São pessoas que guardam a maldade dentro delas. Quando ele externa esse tipo de sentimento é porque tem uma antipatia com a comunidade negra. Ela vai precisar de um tratamento psicológico por conta do fato, mas ele também precisa.

FONTE: JORNAL PIONEIRO, CAXIAS DO SUL, RS

DIRIGENTE REPUBLICANA COMPARA OBAMA A MACACOS

Estados Unidos, 19/4/2011 - Uma dirigente republicana do condado de Orange, no sul da Califórnia, Marilyn Davenport enviou um e-mail a seus colegas de partido com uma montagem na qual o presidente norte-americano, Barack Obama, aparece como um pequeno macaco, filho de uma família de chimpanzés.

Na parte inferior da foto, há ainda a seguinte afirmação: "Agora você sabe por que não há certidão de nascimento". A frase é uma referência a uma polêmica criada em torno do local de nascimento de Obama. Recentemente, ele tem sido pressionado a tornar pública sua certidão de nascimento, já que o Tea Party tem alimentado o boato de que o presidente não nasceu no Havaí, mas sim em um país estrangeiro. Se a versão do movimento conservador fosse comprovada, ele seria obrigado a deixar o cargo. A Constituição dos Estados Unidos não permite que estrangeiros se candidatem à presidência.


A montagem que gerou polêmica

Marilyn, militante do movimento conservador Tea Party, pediu desculpas e afirmou que se tratava de uma piada de internet. “Todos os que me conhecem sabem que não sou racista. Foi uma brincadeira. Tenho amigos negros. Ainda assim o e-mail foi enviado a poucas pessoas, nunca pensei que incomodasse”, afirmou Marilyn Davenport à revista OKWeekly, que revelou o e-mail.

Ela disse também que recebeu o e-mail e logo passou adiante, sem pensar que poderia ser ofensivo. “Humildemente peço desculpas e peço que me perdoem por minha conduta insensata”.

De acordo com Marilyn, a foto lhe pareceu engraçada não pelo fato de o presidente aparecer representado como um macaco, mas por questionar seu local de nascimento.

Ela afirmou ainda que, na política dos EUA, há “dois pesos e duas medidas” porque há muitos “e-mails brincalhões” que fazem referência ao ex-presidente George W. Bush e "ninguém dos meios de comunicação se queixa”.

Pedido de renúncia

Ativista de direitos civis norte-americanos e a representação do Partido Republicano no condado de Orange exigiram a renúncia de Marilyn. Eles alegam que a mensagem foi racista e que tal comportamento não pode ser tolerado.

Alice Huffman, presidente da Associação Nacional para o Progresso das Pessoas de Cor na Califórnia (NAACP) condenou a foto reproduzida pela imprensa local e exigiu a demissão de Marilyn Davenport, membro do Comitê do Partido Republicano de Orange.

Tim Whitacre, um membro do comitê central do Partido Republicano na Califórnia, disse, por sua vez, que "se tratava de um e-mail privado, enviado de sua casa a alguns amigos.

"Não estou defendendo o e-mail nem seu conteúdo. O que devendo é Marilyn, eu a conheço”, afirmou.

Ela, no entanto, afirma que não se afastará da política. "Não renunciarei a meu posto por esse assunto. É uma tempestade em copo d'água”, respondeu.

ESTUDANTE DE UNIVERSIDADE NO RS É DETIDO APÓS ESPALHAR OFENSAS PELA INTERNET

Santa Maria, 19/4/2011 - Um estudante de Engenharia Civil de 34 anos foi detido no sábado pela Polícia Federal (PF), na Casa do Estudante Universitário, no campus da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), porque não teria cumprido uma medida de segurança.

Policiais da PF foram até o campus porque uma pessoa denunciou à Ouvidoria da universidade que o perfil do rapaz na rede de relacionamentos Orkut, na Internet, continha um texto com palavras ofensivas. No perfil, o estudante exalta o governo francês e prega o extermínio de crianças, idosos e mulheres:

"E ficou assim decidido: França, agradei-me da atitude do teu povo e do teu líder, o Sr. Sarkozy, e quero que a tua nação domine sobre todo o planeta, exceto na Índia e na Bolívia. Que teu poderoso Exército e tua legião estrangeira destrua e faça uma limpeza racial, como fiz na época de Josué, quando lhe dei a terra prometida", escreveu.

Colegas do Centro de Tecnologia (CT) estariam com medo, também, de um suposto livreto, com mais de 200 páginas, que teria sido escrito pelo próprio homem. No documento, haveria palavras ofensivas contra homossexuais, idosos e mulheres.

Conforme o processo, que correu primeiro na Justiça de Santo Ângelo (região onde o homem nasceu), ele responde por porte de arma de fogo, em Santa Maria, em maio de 2005. Mas, na Justiça, houve o entendimento que o rapaz sofreria de problemas mentais.

Assim, em vez de ser preso e sentenciado a uma determinada pena, ele cumpre uma medida de segurança ambulatorial, pela qual tem de se apresentar regularmente a um hospital, tomar medicamentos e fazer tratamento. Fazia algum tempo que ele não se apresentava para tratamento.

Gustavo Schneider, delegado da PF de Santa Maria que comandou a equipe da polícia no sábado, afirma que o estudante pareceu uma pessoa normal, porém, apresentou resistência ao saber que teria de ir à ala psiquiátrica do Hospital Universitário de Santa Maria (Husm).

O estudante foi encaminhado ao Instituto Psiquiátrico Forense de Porto Alegre.

— Ele é uma pessoa que inspira cuidados. As atitudes dele, dentro de uma medida de segurança, fazem parte da patologia dele. Ele precisa se tratar. Não é um sujeito a ser investigado — avalia Schneider.

O reitor da UFSM, Felipe Müller, reconheceu o trabalho da PF e da Ouvidoria da universidade. Ele não quis dar detalhes sobre o caso:

— É triste para nós, mas não queremos dar publicidade ao caso.

FONTE: JORNAL DIÁRIO DE SANTA MARIA, RS

RACISMO NÃO, NÃO PODEMOS NOS CALAR...


Amigos blogueiros, não podemos nos calar mais para a falta de respeito e para a falta de dignidade que se tornaram os episódios de racismo, todos os dias. O racismo está aflorando em nossa sociedade, como um tumor que estava encubado e que resolveu sair para fora, eclodindo de uma forma totalmente desordenada. Não podemos nos calar, porque nossos filhos e nós mesmos estamos sendo vítimas desta chaga. Desta chaga horrível a qual virou o racismo em nossa sociedade. Vamos nos unir em uma rede. E eu, como jornalista e como escritor, membro correspondente do site Afropress vou sim usar deste espaço para falar sim e não me calar dos casos de racismo que acontecem todos os dias, não só no Brasil, mas também no mundo.

Vamos à luta. Porque queremos igualdade racial, igualdade social. NÃO AO RACISMO, NÃO À HOMOFOBIA, NÃO À XENOFOBIA E NÃO A TODO O TIPO DE INTOLERÂNCIA CORRELATA.

Wednesday, April 28, 2010

FALTA DE DIÁLOGO

Diante a falta de diálogo total que existiu por parte deste acerca das representações negras de Santa Catarina, este mesmo profissional, no período em que esteve residindo em Florianópolis e São José, decidiu parar com as atividades deste blog, o qual retorna hoje. Digo a vocês que, logo que sai e que também tentei implantar uma correspondência da então agência AFROPRESS, a qual também representei e sai por falta de avanços no aspecto financeiro (quem trabalha de graça é relógio), posso dizer que a passagem por SC não foi positiva.

Não foi positiva porque não tive acesso algum a ações e a iniciativas da comunidade negra de lá. Fui realmente mal recebido e mal acolhido. Isto mostra realmente o que acontece com quem tenta ir de fora e que busca se solidarizar e participar das lutas da comunidade. Isto não ocorreu em Florianópolis. Ao contrário do que acontece aqui em Porto Alegre, onde retornei e onde sou acolhido nos eventos e iniciativas da comunidade negra.

Só tenho a lamentar a postura revanchista adotada pelas representações negras de Florianópolis. Um revanchismo o qual a população negra daquele estado só tem a perder.

FUNDAÇÃO CULTURAL PALMARES VAI ABRIR ESCRITÓRIO EM PORTO ALEGRE

Recentemente participei da edição gaúcha do Projeto Parabólica. É um projeto desenvolvido pela Fundação Cultural Palmares, MINC, realizado junto à comunidade, a fim de informar os caminhos para as ONGs e também organizações públicas a encaminharem projetos a FCP. Como já havia adiantado há mais de um ano, em visita que fiz a POA, ainda quando estava em Brasília, a Fundação Cultural Palmares irá abrir escritório regional em Porto Alegre. O último escritório da Palmares fora de Brasília foi aberto em Maceió. A fim de cuidar do Parque Nacional da Serra da Barriga, em União dos Palmares, Alagoas, foram nomeados 16 servidores para a área. Para Porto Alegre, a informação que nós, da A CASA DO OSCAR, adiantamos, é que serão três ou quatro servidores, nomeados em cargos de confiança. Além de Porto Alegre, novas unidades da Fundação Cultural Palmares serão abertas em São Paulo, Belo Horizonte e São Luiz.

VOLTANDO A ATIVA

Agora, de volta ao Rio Grande do Sul. Voltamos a atualizar as informações. Atendendo a pedidos, A CASA DO OSCAR volta a cena. Um abraço negro e um sorriso negro para todos vocês.

Friday, August 01, 2008

UM ABRAÇO NEGRO A TODOS

Amigos, hoje é dia primeiro de agosto de 2008. É uma data muito especial. É a data de finalização de um trabalho. É uma data onde este blog passa a ficar registrado e entra na história, em mais um capítulo de minha vida. Um capítulo onde, nos últimos cinco anos, participei e dei a minha colaboração para a luta em favor da igualdade racial. Uma luta que foi bastante árdua, e que não vai acabar. Ela não vai terminar, mas este espaço chega ao seu fim. As matérias aqui registradas ficam para a história, em um registro histórico, que não pode ser descartado, porque informou e fala de muitas coisas importantes.

Hoje, passo a escrever outras histórias. Sigo em outro blog, o PAIS ADOTIVOS SA, tratando de temas relacionados ao universo da adoção. A todos que liam o A CASA DO OSCAR, continuem lendo e lembrando de tudo o que está publicado aqui. Guardo meu carinho, meu amor e minha atenção a todos vocês, que leram e que acompanharam.

Hoje, primeiro de agosto de 2008, fecha se uma porta e abrem outras e mais outras. Porque a vida da gente muda. Deixo para trás a minha passagem pela luta pela igualdade racial. Passo para outras lutas. Passo a lutar em outras causas, em outras militâncias.

Obrigado e um abraço negro a todos e a todas.

Oscar Henrique Cardoso

Thursday, March 20, 2008

LULA ESTARÁ EM FLORIPA ASSINANDO OBRAS DO PAC

Hoje (20) é um dia especial para Santa Catarina e também para Florianópolis. O presidente Lula estará aqui para assinar a ordem de serviço para o início das obras do PAC no Maciço do Morro da Cruz. A área concentra 17 famílias carentes, com uma população aproximada de 30 mil habitantes. O investimento total nas obras será de R$ 54 milhões. Os projetos a serem implantados no Maciço do Morro da Cruz serão nas áreas de regularização fundiária, saneamento básico, transportes, infra-estrutura entre outros. Lula chega ao Aeoroporto Hercílio Luz por volta das 15h, fica na cidade até às 17h55 quando retorna à Brasília, deixando Florianópolis às 18h15min.

BLOCO LIBERDADE COMEMORA 20 ANOS DE SAMBA E ATUAÇÃO SOCIAL EM SÃO JOSÉ, SC


Florianópolis, 19/3/08 - Fundado em 1988, o Bloco Liberdade se tornou sinônimo não só de carnaval, mas também de apoio social. Para marcar a data, um coquetel cultural marcou os 20 anos do Bloco Liberdade na noite desta segunda-feira (17) em São José, na Grande Florianópolis. O evento contou com a presença dos fundadores do bloco cultural, líderes comunitários e também representantes dos governos municipal e estadual. Todos foram recepcionados ao som da boa música popular brasileira, seguido de apresentação de dança e interpretação de poemas, feita pelo poeta negro Alzemiro Lídio Vieira. Uma degustação de salgados e a mostra de um documentário sobre a vida e a obra do sambista Bezerra da Silva também marcou com destaque a festividade.

Ao se dirigir aos convidados, o presidente do Bloco Liberdade, Marcos Caneta, destacou as inúmeras ações que o grupo promoveu e até hoje realiza junto a comunidade de São José. Destaque estadual vai para as Olimpíadas do bairro Pró-Casa. A única olimpíada de bairro do país reúne anualmente mais de 2.000 jovens. São torneios de futebol, vôlei, basquete e gincanas, as quais servem de espaço para revelar novos talentos do esporte. Um destes exemplos é o jogador do Grêmio Portoalegrense Rudinei. Nascido na comunidade do bairro Monte Cristo, na área continental de Florianópolis, o jovem negro foi então descoberto por olheiros que acompanhavam as partidas de futebol dos jogos na Pró-Casa.

As realizações do Bloco Liberdade não param por aí. É do Bloco Liberdade a promoção da terceira maior festa de Natal pública do Estado de Santa Catarina. Todos os anos, moradores e não moradores da comunidade saem por Florianópolis e São José arrecadando donativos. São distribuídas toneladas de alimentos e milhares de brinquedos a mais de 200 crianças, atendidas em média/ano. Outra iniciativa realizada pelo Liberdade é a promoção do Projeto Destaques da Raça Negra, que todo o ano premia personalidades negras e também não negras que atuam em favor da promoção da Igualdade Racial.

Ao concluir a sua fala, o presidente do bloco, Marcos Caneta, chamou a todos os presentes a atuar em favor da promoção da desigualdade social. “Cabe a cada um de nós fazer a sua parte. O Bloco Liberdade completa 20 anos de vida acordando a todos para se mobilizar contra o desemprego e a violência. Se nós, que somos oriundos de um bairro pobre de São José, conseguimos realizar inúmeras ações, podemos provar que construímos um projeto político e social”, finalizou Marcos Caneta, bastante aplaudido pelo público.

COTAS: JOSÉ JORGE DEBATE SISTEMA COM ALUNOS DA UFSC


Florianópolis, 19/3/08 - Às vésperas de completar 120 anos de abolição da escravatura, o Brasil ainda vive em um regime excludente. Pois ao longo da história não pensou em desenvolver políticas de inserção aos negros, desde a escravatura. Com estas e outras opiniões, a palestra do professor do Departamento de Antropologia da Universidade de Brasília (UnB), José Jorge Carvalho levou dezenas de estudantes a acompanhar no Centro de Filosofia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) a plenária sobre Cotas nas Universidades, na manhã desta quarta-feira (19).

Durante duas horas, José Jorge levou ao público, formado por estudantes e também professores da instituição, um histórico da implantação do sistema de cotas no mundo e também como estão sendo desenvolvidas as ações afirmativas na América Latina. Em abril próximo o professor José Jorge irá para a Venezuela, onde pretende conhecer o sistema de universidades implantadas em áreas carentes, política de inclusão desenvolvida pelo presidente Hugo Chávez.

Em entrevista ao blog A CASA DO OSCAR, o professor José Jorge Carvalho fala sobre o papel das universidades no sistema de cotas e chama a atenção para a falta de mobilidade do governo brasileiro em aprovar mecanismos que tornem as cotas uma ação legal. Também apontou críticas aos meios de comunicação, os quais desempenham um papel negativo e colaboram no fortalecimento de uma sociedade racista:

A CASA DO OSCAR: Como o senhor está acompanhando os debates em torno da implantação do sistema de cotas na América Latina?

José Jorge Carvalho: Acho que é um momento de efervescência. O que está acontecendo hoje no Brasil também está ocorrendo em outras nações da América Latina. Na Colômbia, onde tenho ido por várias vezes e estou colaborando no que posso – a Colômbia é o segundo país com a maior população negra da América Latina – tem um programa parecido, com cotas para a população indígena, algo mais avançado que no Brasil. Mas ainda não tem para a população negra. Entre os países andinos, a Bolívia é o mais avançado de todos, pois propõe a interculturalidade, onde as universidades devem ser trilíngües. Abrir o saber acadêmico é abrir a universidade para os povos que não são europeus. A discussão das cotas está atravessando o continente todo, já que está aliada a democratização do nosso país e também de toda a América Latina.

A CASA DO OSCAR: Como o senhor analisa a posição do governo brasileiro frente aos debates que surgem nas universidades?

José Jorge: O governo está tímido demais. As universidades começaram, se adiantaram. Desde 2004 estamos em discussão com o governo Lula, o qual preparou um decreto e depois retirou. Passam vários ministros da Educação e nenhum se posiciona com veemência, nenhum dá as caras para defender o sistema de cota. Acho que a pressão também tem que ser em torno do Executivo. Já estava na hora de essa questão ser resolvida federalmente.

A CASA DO OSCAR: Isso se dá também pelo fato de o sistema não ter virado lei?

José Jorge: A timidez do governo está em não colocar a lei. Por outro lado, o próprio ministro da Educação também não incentiva as universidades. Até agora, os reitores das universidades que são contra as cotas não sofreram nenhum ônus. Eles decidem assim, tipo UFRJ e UFMG. Eles não sofrem nenhuma conseqüência em deixar os negros do lado de fora. O Ministério da Educação (MEC) poderia fazer o seguinte: as universidades que têm cotas terão apoios.E as universidades que se recusam a se abrir para estudantes negros não terão apoios. Isso pode ser uma sinalização de fora.

A CASA DO OSCAR: Se fala em ingresso de estudantes negros nas universidades.. mas o que se fala quando se trata de mantê-los nas vagas que conseguiram ocupar?

José Jorge: Bom aí entra o MEC. O MEC tem que ter uma linha específica de apoio aos cotistas. Isso tem que ser compreendido como um esforço nacional, uma mudança radical do sistema educacional brasileiro. Tem que ser organizado de cima para baixo. Tem que se pensar em apoiar a comunidade negra que ficou do lado de fora.

A CASA DO OSCAR: De que forma se pode avaliar o papel da mídia diante ao processo de implantação do sistema de cotas?

José Jorge: A mídia é controlada por um grupo de pessoas que são contrárias as cotas. De 10 matérias que saem, três são a favor. É muito centralizada nas opiniões contrárias as cotas, que vem da UFRJ, da USP, Folha de São Paulo, TV Globo. As opiniões sempre ficam conectadas e concentradas na mão daqueles que são contrários ao sistema.

Monday, March 03, 2008

ENTIDADES NEGRAS REALIZAM PANFLETAÇO NA UFSC

Representantes de entidades do Movimento Negro de Florianópolis realizaram na manhã desta segunda-feira (3/3)um panfletaço no campus da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A proposta da mobilização foi de levar apoio aos 340 novos universitários que ingressaram no centro universitário pelo sistema de cotas. O conteúdo dos panfletos informava sobre os caminhos para os cotistas contatarem com o Comitê de Apoio aos Calouros criado por grupos do Movimento Negro e pelos vereadores Márcio de Souza e Walter da Luz para apoiar os cotistas.

Na avaliação dos representantes do MN catarinense, o manifesto realizado nesta segunda-feira valeu para mostrar aos cotistas que os mesmos contam com apoio do poder público e da sociedade civil. Um dos participantes, o vereador Márcio de Souza, contou que os estudantes reagiram com surpresa e satisfação. O parlamentar disse que as entidades negras encaminharam a UFSC documento solicitando o cumprimento de medidas que garantam a permanência dos cotistas na instituição pública federal. Pedem o repasse de bolsas para o custeio dos estudos, ações de reforço e nivelamento escolar e também apoio para a moradia. "Muitos dos estudantes tem dificuldades em custear o transporte para o Campus Universitário e também enfrentam problemas em adquirir livros e apostilas".

Até agora os cotistas não sofreram nenhum tipo de intimação ou ação contrária a permanência na universidade. O vereador explica que há informações, extraoficiais, de que alguns docentes podem endurecer no tratamento aos estudantes cotistas, visto que a aprovação do sistema e o ingresso dos estudantes negros causou muita repercussão junto a comunidade acadêmica. E a discussão ganhou debates enfáticos nos meios de comunicação, com opiniões bastante divididas. A maioria se posicionando de forma contrária a ação da UFSC.

Nesta terça-feira (4) acontece a reunião do Fórum Municipal de Promoção da Igualdade Racial. Atendendo a convocação do prefeito Dário Berger, os representantes não-governamentais vão indicar nomes para a composição do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial, cujo nome do titular será apontado pelo prefeito municipal nos próximos dias.

Thursday, February 28, 2008

MN CATARINENSE AGUARDA INDICAÇÃO DE CONSELHEIRO DO NEGRO DE FLORIANÓPOLIS

Está nas mãos do prefeito de Florianópolis, Dário Berger, a decisão de escolher o primeiro conselheiro municipal de Políticas Públicas para a Promoção da Igualdade Racial. Em reunião realizada na última semana, a qual contou com a presença maciça de representantes do coletivo formado pelo Movimento Negro, responsável pela criação do Conselho e da Coordenadoria Municipal de Políticas Públicas para a Promoção da Igualdade Racial, foram apontados pelos integrantes os nomes de Marta Santos da Silva Holanda Lobo (Associação de Educação Ecológica e Cultural Paulo Freire), com 7 votos; Jeruse Maria Romão (indicada pelo Núcleo de Estudos Negros, NEN), com 2 votos; e Valmir Ari Brito (Grupo Capoeira Angola Palmares), com 1 voto. A decisão de Dário Berger é bastante aguardada por todo o Movimento Negro catarinense. Dados apontam que 12% dos catarinenses são afro-brasileiros. Número este que vai contrário a imagem que vende o estado como 100% europeu.

Os nomes dos três representantes foram ratificados por integrantes de nove entidades negras florianopolitanas(Galeria da Velha Guarda da Protegidos da Princesa, NEN, ASEEC, AMAB, Instituto Cruz e Sousa, UNEGRO, Capoeira Angola Palmares, Bloco Liberdade e Instituto Despertar) e também por integrantes dos gabintes dos vereadores Márcio de Souza (PT) e Walter da Luz (PSDB. Todos os presentes manifestaram seus votos publicamente, legitimando o processo que transcorreu de forma democrática.

O prefeito Dário Berger sancionou a Lei que cria o Conselho e a Coordenadoria em janeiro último. Florianópolis, capital do Estado de Santa Catarina, cidade com mais de 390 mil habitantes será o segundo município catarinense a ter uma pasta direcionada a promoção da igualdade racial. O primeiro conselho oficializado em Santa Catarina foi o de Itajaí, cidade portuária distante 98 kms da capital e maior porto pesqueiro do Sul do país. Empossado em 22 de março do ano passado. O órgão tem como competência formular diretrizes e promover no âmbito da administração direta e indireta do município de Itajaí, atividades que garantam os direitos da comunidade negra e sua inserção socioeconômica, política e cultural.

O Conselho de Itajaí é paritário, formado por 13 representantes de órgãos governamentais e pelo mesmo número de integrantes da sociedade civil. Uma das funções do Conselho é assessorar o poder executivo municipal, emitindo pareceres, deliberando e acompanhando a elaboração e execução de programas de governo, nos âmbitos, federal, estadual e municipal, em questões relativas à comunidade negra, com o objetivo de defender seus direitos e interesses.

Friday, February 22, 2008

ESTAMOS DE VOLTA

Passado um longo tempo em que estivemos com a nossa atividade paralisada, em função a inúmeros outros envolvimentos deste autor, saúdo a todos os leitores com os votos de um ótimo 2008.

Para nós, que atuamos na área da Igualdade Racial, o ano começou com mudanças bastante radicais. O mau uso administrativo dos cartões corporativos, os quais são ofertados a cargos de dirigência no Governo Federal, motivou a saída de Matilde Ribeiro. Agora o negócio é torcer para que a capitalização sobre sua saída não respingue em uma CPI, o que poderá ainda desgastar mais a presença da pauta negra na agenda de governo.

Temos então um novo ministro. Agora com status reconhecido pelo presidente Lula. E o deputado federal carioca Edson Santos. Uma indicação que soa um pouco estranha a toda a militância, porque o novo ministro não vem de uma base de luta junto ao MN, mas sim tem uma atuação bastante comunitária. É esperar para ver o que vai dar...

Mas as mudanças não ficaram somente aí. Também temos mudança de sede. Com os olhos voltados para o Brasil, passamos a nos basear na bela Florianópolis. É importante trazer para o Sul do Brasil a colocação de novas mídias. E vale dizer que blog é uma mídia importante e bastante lida. E Santa Catarina merece receber tal destaque, pela história de contribuição ao jornalismo nacional.

Apresentações e saudações, A CASA tá aberta e desejo um grande axé a todos...